Um sentimento leve e reconfortante invade os nossos corações nestes tempos de Natal. Há também alguns pequenos estresses, há mesmo quem se sinta triste. Mas creio que prevaleça esta aura misteriosa e profunda da alegria interior, sobretudo em quem tem o privilégio de poder conviver e celebrar em família, aumentada novamente neste período que se espera ser realmente de pós-pandemia, e em quem, seja de que credo for, tem a oportunidade de celebrar o verdadeiro sentido da data: o nascimento (Natal) do menino Jesus, ou o seu renascimento, e de tudo que representou na história da humanidade.
Um mínimo de reflexão, que se deve requerer neste momento de tanta festa, leva a concluir que algo mágico acontece, que ficamos inebriados não só de doces, bebidas, presentes, mas de um encantamento superior que torna as pessoas mais próximas, mais solidárias, mais amorosas, mais interessadas e conectadas umas às outras. Esse algo superior só pode ser traduzido na transmissão da mensagem do menino divino renascido, ainda que indireta, ainda que sem a devida participação ou concentração das pessoas na profundidade deste momento.
Esta mensagem está revestida do sentimento maior, do amor. O amor simples, verdadeiro, despido de vaidades, interesses, riquezas materiais. O amor preenchido de convivência autêntica e sincera com o próximo, que se renova nos encontros de Natal e nos faz tão bem. O amor que não vê cor, dinheiro, diferenças, erros, desavenças, mas só enxerga o outro ou a outra como um ser humano igual, dotado de defeitos e virtudes, que não é pior ou melhor, mas que precisa ser acolhido ou acolhida do jeito que é.
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A passagem desta bela e transcendente fase do ano precisa contribuir para que nos tornemos melhores no ano todo, todos os dias. Precisa fazer renascer em cada um a mensagem da criança divina, o sentimento maior do amor, que esquecemos com muita facilidade. Do amor fraterno, não do amor egoísta, que só vislumbra seu próprio interesse. Do amor que de fato se interessa por quem está ao nosso lado, que encontramos na rua, na esquina, que vem ao nosso encontro. Que não fique apenas na doação da época, do momento, mas se traduza em atitude contínua de abertura, interesse e disponibilidade para as outras pessoas.
Sabemos bem que isso não é fácil, que precisamos sair do nosso casulo confortável e interesseiro, que necessitamos mudar, que precisamos nos abrir para um horizonte mais amplo, além das nossas divisas. Mas devemos acreditar que este período diferenciado ora vivido possa nos influenciar para que seja mantido no decorrer dos dias que seguem, que possa nos conectar de forma mais intensa com esta dimensão mais alta, mais cheia de vida e mais próxima da felicidade que tanto procuramos. Que o Natal e o Ano-Novo não sejam apenas datas, mas atos e fatos de renovação no amor que não tem fim.
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