A linguagem neutra está sendo muito discutida na atualidade. Há algumas décadas, houve um fenômeno social e não apenas linguístico de inclusão de outros públicos de uma forma mais explícita. Isso se deu na medida em que as mulheres foram adentrando de forma mais representativa em diversos ambientes. Logo começou a se usar manifestações como “prezado senhor” e “prezada senhora”, além de outras expressões nesse sentido.
Na última década, começou a chamar atenção esse endereçamento da linguagem para outras condições de gêneros. Foi quando surgiram várias possibilidades dentro dos limites da língua como por exemplo, fazer referência a “todes” no lugar de “todos”, o que seria uma forma neutra.
LEIA TAMBÉM: Projeto de lei que veta uso da linguagem neutra é aprovado em Porto Alegre
Publicidade
Em entrevista à Rádio Gazeta 107,9 FM nessa terça-feira, 31, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Unisc, Rosângela Gabriel, explicou que a linguagem neutra minimiza a manifestação de gêneros explícita, no sentido de tentar integrar pessoas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. “É uma tentativa de, por meio da linguagem, manifestar uma posição de inclusão, de tentar incluir as diferentes identidades que compõem o tecido social.”
Rosângela destaca, também, que as modificações da linguagem andam junto com as mudanças da sociedade. “No passo em que a sociedade muda a linguagem, também sofre uma pressão de mudança porque ela precisa se adequar aos fenômenos sociais. A origem da mudança é social”, complementa. Várias línguas procuraram achar soluções para integrar os fenômenos sociais. No Brasil, inúmeros movimentos têm acontecido na Língua Portuguesa. Um deles é a visibilidade às mulheres.
LEIA TAMBÉM: Vereadores de Cachoeira do Sul vetam a chamada “linguagem neutra” nas escolas
Publicidade
Um exemplo é o do caso da “presidenta” Dilma. A ex-presidente do Brasil determinou o uso oficial do tratamento “presidenta” quando assumiu o cargo em 2011. “Muitas pessoas criticaram. Havia uma possibilidade no sistema da língua para o uso do feminino e uma vontade social e política de marcar a novidade como uma afirmação da condição de uma ‘presidenta’ mulher”, reflete Rosângela.
Logo em seguida, em 2012, houve um decreto que fez com que os títulos acadêmicos passassem a ter a marcação feminina. “Hoje, temos um movimento de afirmação de várias outras identidades que vão pedir espaço para serem reconhecidas. Esse reconhecimento também se faz por uma marcação linguística. A linguagem é um aspecto da nossa cultura”.
LEIA TAMBÉM: Academia Brasileira de Letras inclui novas palavras no vocabulário atualizado da língua portuguesa
Publicidade
Da mesma forma, Rosângela destacou que a linguagem neutra é muito mais do que uma modificação na forma de tratamento. Segundo ela, o “todes” é uma manifestação de boa vontade, de integração e de aceitação, além de representar uma postura de simpatia à diferença. Ela acredita que não haja uma mudança na estrutura gramatical da língua, mas sim a integração de grupos minoritários.
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade