A educação vai nos salvar. É o que todos dizem. O ensino é a grande panaceia brasileira, a solução de todos os problemas presentes e futuros. Está sempre na ponta da língua de políticos profissionais e amadores, formadores e deformadores de opinião, especialistas em generalidades e visionários do óbvio. E, como é de praxe no Brasil, tudo que soa pomposo nos discursos acaba sucateado na realidade: escolas com infraestrutura precária à espera de melhorias anunciadas há anos, professores pouco valorizados e, eventualmente, agredidos por alunos e pais (como aconteceu em Bauru, São Paulo, por esses dias).
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Obras que nunca acontecem: aqui em Santa Cruz, na Escola Estadual José Mânica, estudantes iniciaram mais um ano nas salas modulares instaladas de forma “provisória” em 2013. Elas serviriam como solução temporária até a construção de um novo prédio, o que não ocorreu até hoje. Nesses espaços improvisados, alunos convivem com infiltrações, goteiras ou calor excessivo há uma década. E as promessas de resolver o problema continuam. Porque a educação vai nos salvar.
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Esse é apenas um entre muitos exemplos. Não é um cenário fácil, mas há quem prefira o deboche. Nos últimos dias, uma funkeira catarinense ganhou projeção (negativa) após ridicularizar o salário que uma docente recebe. Segundo a moça, só em um baile ela fatura R$ 70 mil. “30 minutinhos no palco, e eu ganho R$ 70 mil. Ela não ganha nem R$ 5 mil sendo professora às vezes.” Além disso, “ouve desaforo dos filhos dos outros, tem nada pra fazer em casa mesmo, tem que ser professora”.
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Aconteceu o costumeiro nesses casos: a MC pediu desculpas, após uma enxurrada de críticas e vários shows cancelados. Os R$ 70 mil por festa estavam começando a desaparecer. A maioria das pessoas tolera pouco a arrogância. Que o digam as universitárias que zombaram de uma colega com mais de 40 anos, “velha” demais para elas: as três desistiram da graduação em Biomedicina na Unisagrado, em São Paulo, depois que se tornaram assunto até nos jornalões.
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A educação deve servir também para isto: mostrar que pessoas são mais do que pedaços de carne, reduzíveis a fatores como idade ou “preço”. Arrogância e ignorância. “Trataremos de evitar este rio, a ignorância. Ele serpenteia por toda parte, possui mil afluentes cujas cheias são devastadoras”, escreveu certa vez o escritor Bernard Giraudeau. No final das contas, a educação vai nos salvar.
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