Esses dias vi num anúncio do Instagram uma camiseta cuja estampa dizia: “essa pressa toda é pra quê?”.
Claro que essa frase também pode ser usada num contexto em que alguém não entende que se justifica alguma urgência que manifestamos. Indiretamente, vejo na jurisprudência casos em que as partes não demonstram adequadamente a urgência em ter deferido um pedido liminar, por exemplo.

Mas a frase daquela camiseta me fez pensar além dos processos. No meio de todo o imediatismo que se infiltra em nossas rotinas, será que às vezes não perdemos de vista a razão pela qual estamos correndo tanto?

Ao final do livro Sapiens: uma breve história da humanidade, o autor questiona por que as pessoas não são mais felizes se vivemos em tempos nos quais a tecnologia facilita todas as nossas tarefas. Em outras palavras, se tudo progride para vivermos melhor, por que a felicidade parece estar cada vez mais distante para tanta gente?

Publicidade

Quem sabe a fugacidade das relações interpessoais e das ligações das pessoas com lugares e até com suas coisas, tenha deixado tudo efêmero demais e, portanto, sem significados tão profundos. Basta ver que quadros de depressão e ansiedade são tônica da modernidade líquida, época que a inteligência artificial ainda não dominou.

Passamos muito tempo das nossas vidas preocupados em garantir o mínimo, assegurar que sobreviveremos.

No imaginário comum, pensamos que precisamos de empregos que exijam melhor qualificação, nos incumbam de grandes reponsabilidades e paguem mais para proporcionar conforto para nossas famílias, mas ao custo de não termos tempo ou estarmos estropeados nos raros momentos em que conseguimos estar com quem amamos.

Publicidade

Quando fui servidor público, vi colegas que se apegavam na estabilidade financeira para poderem, depois que se aposentassem, viajar, ter casa na praia e/ou na serra e, enfim, fazer o que sempre sonharam. No caminho até lá, entretanto, levavam na garupa remédios para dormir, para acordar, para se concentrar… em última análise, para alimentar o cansaço que há tempos lhes surra na calma.

É nítido que as engrenagens do capitalismo já estão gastas, mas é o melhor sistema econômico que inventamos até agora e sem dúvida existem bens materiais que são indispensáveis para que vivamos bem. Querendo ou não, é impossível ser feliz sem certas coisas que o dinheiro proporciona.

Também é certo que não podemos ser escravos do dinheiro ou do que pensamos que ele promete nos trazer um dia. É importante termos pressa em algumas circunstâncias; mais ainda é saber para que e por que corremos tanto.

Publicidade

LEIA MAIS TEXTOS DE RUDOLF GENRO GESSINGER

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

Publicidade

Ricardo Gais

Natural de Quarta Linha Nova Baixa, interior de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais tem 26 anos. Antes de trabalhar na cidade, ajudou na colheita do tabaco da família. Seu primeiro emprego foi como recepcionista no Soder Hotel (2016-2019). Depois atuou como repositor de supermercado no Super Alegria (2019-2020). Entrou no ramo da comunicação em 2020. Em 2021, recebeu o prêmio Adjori/RS de Jornalismo - Menção Honrosa terceiro lugar - na categoria reportagem. Desde março de 2023, atua como jornalista multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, em Santa Cruz. Ricardo concluiu o Ensino Médio na Escola Estadual Ernesto Alves de Oliveira (2016) e ingressou no curso de Jornalismo em 2017/02 na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Em 2022, migrou para o curso de Jornalismo EAD, no Centro Universitário Internacional (Uninter). A previsão de conclusão do curso é para o primeiro semestre de 2025.

Share
Published by
Ricardo Gais