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O que muda com a internet 5G, que começa a chegar ao Brasil

Uma escova de dentes que avisa se você está com cárie. Um travesseiro capaz de alertar que há risco de você estar com distúrbio de sono. Um vaso sanitário que indica se você pode ter câncer colorretal. Parece cenário de literatura futurista, mas é um fenômeno real, que já está em andamento e deve evoluir a níveis surpreendentes nos próximos anos. Por trás disso, algo que já agita o mercado e está próximo de chegar ao alcance dos brasileiros: a internet móvel de quinta geração.

Embora não deva se massificar antes de fins de 2021, o 5G começará a ser oferecido pelas operadoras nos grandes centros neste segundo semestre. Para os usuários de smartphone, a novidade vai representar um ganho significativo de velocidade em relação ao 4G, que é a principal tecnologia do Brasil hoje, o que deve atender às principais necessidades da atualidade, como videoconferências (que se tornaram muito comuns durante a pandemia), televisores 4K e 8K e serviços de streaming (como o Netflix). Na prática, porém, as possibilidades abertas com o 5G vão muito além da comunicação pessoal.


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Um dos focos da nova tecnologia é pavimentar o caminho para a expansão da chamada “internet das coisas”. Isso significa que cada vez mais elementos, tanto vivos (como animais) quanto não vivos (como objetos), estarão conectados à internet, o que é possível graças à inteligência artificial e ao surgimento de versões extremamente miniaturizadas de computadores. “Com a evolução contínua da microeletrônica, consegue-se fazer dispositivos muito pequenos. Hoje há computadores com quatro milímetros quadrados. É literalmente computação ‘em pó’”, observa o professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas, Marcelo Knorich Zuffo.

A partir disso, a grande tendência no mercado é inserir internet em tudo o que nos cerca, de fechaduras de portas a automóveis. “É uma revolução paulatina que está começando. Em 2022, já vai haver mais dispositivos conectados em coisas, ou seja, mais coisas penduradas na internet do que pessoas usando internet em seus smartphones. E essa diferença vai aumentar muito”, explica Zuffo.

Em São Paulo, por exemplo, uma parceria foi firmada entre a Polícia Militar e a USP para desenvolvimento de estudos voltados à segurança pública no futuro. “Existe a visão de que serão as coisas que vão avisar a polícia de que está ocorrendo um crime. Se houver um roubo de carro, por exemplo, o próprio carro vai acionar a polícia”, acrescenta o especialista.

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Com essa iminente proliferação massiva de objetos conectados, a demanda por capacidade de rede vai se multiplicar, o que torna o 5G urgente. “O 5G vem para oferecer soluções que atendem não só ao aumento da capacidade para as pessoas, mas olham também para esse segmento que não é bem atendido pelas tecnologias atuais”, analisa o engenheiro de telecomunicações Eduardo Tude, que é presidente da empresa de consultoria Teleco.

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4G continuará crescendo, diz especialista

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A ascensão do 5G ocorre no momento em que as carências de cobertura de internet móvel ainda são muito grandes no Brasil, sobretudo em localidades de interior, mas também na zona urbana. Para Marcelo Zuffo, esse déficit é apenas um dos problemas crônicos do setor de telefonia. Outro é a carga de impostos, que chega perto de 40%. “Nós temos a maior incidência tributária do mundo e recentemente a equipe econômica do governo propôs aumentar ainda mais, dessa vez sobre os serviços essenciais. Isso inibe a inovação e o acesso da população à tecnologia”, disse.

Conforme o especialista, é preciso enxergar as tecnologias como motores econômicos. “As nações que têm a melhor infraestrutura são as nações mais ricas. Há uma relação direta entre qualidade da telefonia e qualidade de vida da população. E o Brasil tem esse nó, realmente”, acrescentou.

Já Eduardo Tude destaca que, apesar do surgimento do 5G, o 4G, que hoje tem os aparelhos mais baratos e atende à maior parte das necessidades dos usuários, seguirá crescendo e deve permanecer por muito tempo. A ampliação da rede 4G, inclusive, estará prevista na licitação da Anatel que será realizada em 2021. Tudo indica, portanto, que 4G e 5G vão caminhar juntos. “A evolução da tecnologia não é uma outra ou outra. Nessas regiões onde o nível é mais baixo, o 4G vai avançar. E nas regiões onde há mais congestionamento e o 4G não dá conta e onde há necessidade de novas aplicações, aí sim o 5G vai entrar. Vamos ver o 5G chegando, mas o 4G continuando a crescer”, explicou.

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O que você precisa saber

O 5G já está disponível no Brasil?
Algumas operadoras já estão oferecendo, mas por enquanto apenas em algumas regiões. Quem experimentar, terá acesso a uma conexão muito mais rápida, porém ainda sem todo o potencial prometido pela tecnologia. Essa restrição se dá porque, nesse primeiro momento, as empresas vão se valer de frequências já existentes e que são utilizadas pela rede 4G. O avanço se dará a partir de julho do ano que vem, para quando está previsto o leilão de novas frequências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em outros lugares do mundo, o 5G já vem crescendo: na China, por exemplo, já são mais de 100 milhões de usuários.

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Qual será o custo do 5G?
Para utilizar o 5G, será preciso comprar um celular que suporte a tecnologia. Por enquanto, os modelos disponíveis custam acima de R$ 5 mil. A tendência, porém, é que os preços baixem à medida que a tecnologia se dissemine.

O que o 5G representa em relação às gerações anteriores de internet móvel?
Diferente das tecnologias 2G, 3G e 4G, o foco da internet de quinta geração vai além da demanda por tráfego para comunicação pessoal. Com o avanço da “internet das coisas”, gerou-se uma necessidade não só de mais tráfego como também de uma menor latência (o tempo que leva, por exemplo, para uma página abrir). “Algumas coisas precisam de picos de resposta muito pequenos. A latência que temos hoje não é a adequada para controle veicular, controle de drones e aplicações industriais, por exemplo”, explica Marcelo Zuffo. Com isso, o 5G deve permitir um salto em termos de dispositivos conectados à internet na sociedade.

Por que há polêmicas envolvendo o 5G?
Um dos motivos é que há questionamentos quanto ao risco que a evolução da “internet das coisas” pode gerar à segurança das pessoas e dos países. Com a proliferação de dispositivos conectados, a suscetibilidade a violações de privacidade se torna maior. “Essa tecnologia traz uma conveniência para as pessoas, mas se não tratar as questões de privacidade, podemos ter problemas. Se a internet vai estar em tudo, você pode parar uma nação se tiver domínio tecnológico”, observa Zuffo.

Outra polêmica envolve a disputa entre empresas chinesas e norte-americanas de telecomunicações para fornecer as estruturas para expansão do 5G nos demais países. Os Estados Unidos vêm pressionando os governos a não negociarem com a China, sob argumento de que a tecnologia do país asiático pode ser utilizada com fins de espionagem. Diante desta pressão, o Reino Unido proibiu a compra de equipamentos chineses. O Brasil ainda não se posicionou sobre o assunto, mas essa semana o vice-presidente Hamilton Mourão disse não temer uma retaliação dos EUA caso a escolha seja pelos chineses.

A internet móvel em Santa Cruz

Quantidade de estações rádio base (ERBs)

OPERADORA2G3G4G
Claro101313
Nextel0100
Oi9712
Tim8818
Vivo131919


Ranking de dados 2G

Operadora – Acesso
Nextel – 99,94%
Vivo – 99,95%
Tim – 99,91%
Claro – 99,63%
Oi – 99,36%

Ranking de dados 4G

Operadora – Acesso
Claro – 99,98%
Vivo – 99,96%
Tim – 99,95%
Oi – 99,95%

Ranking de dados global

Operadora – Acesso
Nextel – 99,94%
Oi – 99,89%
Tim – 99,83%
Claro – 99,83%
Vivo – 99,14%

Fonte: Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

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