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Conhecimento

O que leva santa-cruzenses a aprender línguas asiáticas

Se o inglês é o presente, o mandarim é o futuro. Essa tem sido a compreensão de muitos alunos que se dedicam a aprender o idioma asiático em Santa Cruz do Sul. Ainda que tímido, esse movimento começa a se firmar no município com mais estudantes se arriscando a aprender os desafiadores fonemas. Prova disso é a retomada da Wizard – única escola que ensina o idioma por aqui – no ensino da língua depois de dez anos. Para este ano, são três turmas confirmadas. 

Conforme o proprietário da escola, Walter Siedschlag, o incremento na procura pelo mandarim está ligado à conscientização sobre a importância da língua chinesa no cenário mundial. “Ainda em 2017, a China superou os Estados Unidos como a economia mais forte do planeta. Além disso, tem sido o principal parceiro comercial do Brasil”, observa. 
 

Foto: Bruno Pedry

Embora a língua corrente no comércio internacional seja o inglês, não há, na visão de Siedschlag, como não demandar falantes do mandarim diante desse cenário, não só pela facilidade de comunicação, mas também pela cultura chinesa. “O chinês valoriza muito quem se esforça para se comunicar em seu idioma. Isso abre corações e portas, inclusive para parcerias comerciais”, avalia. 

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Foto: Bruno Pedry

 

Quem já está de olho nesse movimento internacional é a acadêmica de Engenharia Mecânica Marília Meira Balzan, 22 anos. Curiosa, ela decidiu se matricular no curso com o objetivo de conhecer outra cultura. “Coisas que não estamos acostumados a ver aqui me interessam. Faço mandarim com uma professora da China que ensina em inglês. Então dá para aprender um idioma e ainda revisar o outro.” O compartilhamento de experiências é outra vantagem. “Divido a sala com colegas que trabalham em grandes empresas e conversam com chineses. Além disso, entendemos o que há por trás dos valores culturais do país.” 

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Bolsa de estudos para brasileiros na China 

Conforme dados da Seção Cultural da embaixada da China no Brasil, as cooperações econômicas e comerciais entre os dois países têm crescido rapidamente e, por consequência, os laços de intercâmbio na área cultural também se intensificam. “Na China, os estudantes formados em português são muito procurados, assim como os profissionais brasileiros que falam fluentemente mandarim”, diz a representante da embaixada, Zhou Ji.

A embaixada oferece bolsas de estudo do governo chinês (Chinese Government Scholarship Program) especificamente para brasileiros. O programa abrange cursos de graduação, mestrado, doutorado, além de intercâmbios de curto prazo. “A falta de compreensão pode gerar afastamento e preconceitos. Aprender o mandarim é uma boa maneira para conhecer a cultura milenar da China e o seu povo”, frisa Zhou. Neste ano, a data-limite da inscrição online para o Scholarship Program é 29 de março. Mais informações no site da embaixada. O e-mail é [email protected].

Japonês para executivos e interessados em mangás

Professora de língua japonesa e sócia-diretora da escola Schütz e Kanomata, Takako Kanomata Schütz vibra com o interesse de jovens e profissionais em conhecer o idioma japonês. Segundo ela, há dois perfis bem definidos de pessoas que buscam a instituição: os executivos que trabalham em multinacionais e precisam estabelecer relações com japoneses e os jovens que se identificam com a cultura de jogos e mangás. “Eu acredito que, para ensinar um idioma tão diferente aos brasileiros, é preciso ter autenticidade e relacionar sempre a cultura que existe atrás de cada palavra.” 
 

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Foto: Bruno Pedry

Takako, que foi diretora da escola modelo de língua japonesa em Porto Alegre nos anos 90, afirma que o idioma é mais fácil de assimilar do que se imagina. “Ele não é difícil, e eu explico o porquê. Diferente do português, não exige conjugação de verbos, feminino, masculino, plural e singular. É tudo mais simples.” Ela observa que o Japão também oferece bolsas de estudos para brasileiros e tem interesses comerciais e acadêmicos junto ao país.

Para além da carreira, a professora, que é natural da cidade de Niigata, Japão, reflete sobre os ganhos para a vida pessoa e profissional. “Qual será o diferencial para um profissional que quer competir no mercado? Uma terceira língua, aliado à experiência de estudar fora. Isso faz a diferença no futuro de qualquer jovem.” 

Bruna se desafia no coreano 

Se de um lado há alunos que aprendem línguas em escolas convencionais, de outro há quem se aventure a compreender o idioma de forma independente (e com a ajuda da internet, é claro). Bruna Tomazi Oder Gil, 22 anos, não só aprendeu o básico do mandarim com chineses que visitavam Santa Cruz, como agora se aventura no coreano. “Desde os 6 anos eu sempre quis assimilar e entender o chinês e consegui, com muito esforço, aprender parte dos ideogramas.
 

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Foto: Bruno Pedry

Em 2012, passei a escutar músicas coreanas e foi aí que começou a minha nova jornada.” Em seus cadernos escritos à mão, Bruna traduz músicas, escreve frases e já planeja fazer um curso de graduação na Coreia. “Sei de uma bolsa que o governo coreano disponibiliza para o Brasil. Minha intenção é estudar a língua inglesa lá. Já tentei uma vez e não consegui devido à complexidade do processo seletivo, mas vou me aplicar de novo este ano.” 

Ni hao!

Jacquelyn Huy começou a ensinar mandarim em março de 2018, depois de se mudar para Santa Cruz, já que o namorado mora por aqui. Na Wizard, onde leciona, o mandarim é ensinado no sistema Pinyin, que usa o alfabeto latino para expressar fonemas chineses. Por exemplo: “ni hao” significa “olá” e “ni hao ma?” significa “como você está?”. Esse sistema, que é uma invenção moderna, facilita o aprendizado do mandarim para estrangeiros e até para os chineses. Ela reforça que essa língua está se tornando cada vez mais importante no mundo, apesar de já existir há milhares de anos. “Além de aprender o idioma, você também aprenderá sobre a cultura chinesa.”

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