Uma dileta amiga, de longa data, há tempos queria conhecer uma cafeteria que, à distância, se mostrava elegante, discreta e charmosa. Acompanhada de uma antiga colega de faculdade, ela reservou um final de tarde para conferir o local. Acomodadas em uma confortável poltrona com mesa ao ar livre, dirigiram-se à garçonete para pedir o cardápio a fim de conhecer as especialidades da casa.
– Boa tarde! O acesso ao nosso cardápio é feito somente através do QR code – respondeu a moça.
Para esclarecer: Código QR é um código de barras, ou barramétrico, bidimensional, que pode ser facilmente escaneado usando a maioria dos celulares equipados com câmera. O código foi criado em 1994 pela companhia japonesa Denso Wave.
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As duas obedeceram à determinação. E depois de várias tentativas, finalmente conseguiram chegar ao menu. Escolha feita, chamaram novamente a atendente:
– Por favor, queremos fazer o pedido.
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– Minha senhora… o pedido é feito exclusivamente através do nosso link, pela internet!
Indignadas, as duas se levantaram e foram em direção à lancheria mais próxima, a poucos metros, em uma esquina. Em dez minutos estavam degustando um espresso, tirado no capricho, acompanhado de pão de queijo quentinhos.
Cena 2: recentemente fui quitar uma parcela atrasada do que nos bons tempos chamaríamos de “carnê”. Hoje, no entanto, esse objeto obsoleto deu lugar ao boleto. Foi numa filial da Lojas Renner, empresa multipremiada pelo uso de tecnologia em várias rotinas.
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Me dirigi ao guichê “preferencial” porque a fila dos “mortais comuns”, mais jovens, estava enorme, umas dez pessoas. Acredite, prezado leitor: havia um único caixa aberto. Chamei um funcionário para tomar providências. Afinal, era quase meio-dia de um sábado, shopping lotado. Sem tirar os olhos do celular, o rapazinho disparou:
– Meu senhor, temos três terminais de autoatendimento à disposição – justificou sem sequer me fitar.
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O “pequeno grande” detalhe é que a maioria das pessoas não tem familiaridade no manuseio da tecnologia de autoatendimento. Ficam nervosas, constrangidas em público. E muitas, como este cronista, têm idade avançada, são arredios às parafernálias modernas. Gestores, obcecados por prêmios para “avanços” da modernidade, esquecem o principal: o ser humano.
Não se trata de demonizar a tecnologia. O bom senso sugere compatibilizar a convivência de respeito com aqueles que prezam bate-apo, elogio e gorjeta ao garçom piadista. Além do direito de surrupiar velhas revistas na sala de espera. Com a onipresença do celular, o acervo de publicações deu lugar ao hi-fi para acessar todo tipo de conteúdo. E para enriquecer operadoras de celular e todo o mundo empresarial que gravita em torno da internet.
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