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SANTA CRUZ

O que Helena Hermany planeja para o ano que vem

Foto: Rafaelly Machado

Helena: “Não me preocupo em fazer ‘superparadas’, quero apenas que as pessoas tenham paradas decentes”

Com a reforma do transporte público entre os grandes desafios do governo em 2022, a prefeita Helena Hermany (Progressistas) reiterou, em entrevista nessa quarta-feira, 29, à Gazeta do Sul, que o subsídio ao serviço, pago desde abril do ano passado, será encerrado em fevereiro. A intenção do governo é passar a canalizar o superávit do estacionamento rotativo, cuja gestão será licitada, para conter ou até reduzir o preço da passagem dos ônibus urbanos.

Helena recebeu a Gazeta no gabinete às vésperas de entrar em férias – na segunda-feira, 3, ela vai transmitir o cargo ao vice, Elstor Desbessell (PL), que ficará até o dia 23. Na conversa de uma hora, reconheceu que temas como o transporte e o saneamento, que pautaram o primeiro ano de sua administração, continuarão na ordem do dia no próximo ano.

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No caso do saneamento, por exemplo, revelou intenção de contratar uma consultoria para auxiliar o governo na decisão que precisa ser tomada até 31 de março, quando termina o prazo previsto no novo Marco Legal para que os contratos atuais sejam aditivados. No fim de novembro, Helena foi uma das primeiras mandatárias a decidir não assinar o aditivo nos termos propostos pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Questionada sobre a ideia de manter a empresa, que será privatizada, repetiu que todas as possibilidades são consideradas, mas demonstrou reticência com a possibilidade de municipalização, defendida pela maioria dos vereadores e de setores do empresariado. Disse ainda ser simpática à proposta de PPPs no setor, sem entrar em detalhes.

Helena Hermany também defendeu a realização do Carnaval, confirmada no momento em que muitos municípios, receosos com o avanço da nova variante do coronavírus, vêm suspendendo as festividades, e se disse favorável à exigência de prescrição médica para vacinação de crianças, o que já foi descartado pelo governo estadual. Disse ainda que o município está mais preparado para uma eventual nova intempérie climática, como as que ocorreram no início deste ano, descartou mudanças no secretariado e alegou preferir não apoiar nem Lula nem Jair Bolsonaro para presidente. A prefeita também minimizou as resistências entre os progressistas do município em relação à possibilidade de o ex-deputado Sérgio Moraes (PTB) concorrer a vice-governador na chapa de Luis Carlos Heinze (Progressistas).

Confira a entrevista completa:

  • Pandemia, saneamento e transporte urbano foram os seus principais desafios em 2021. Serão novamente em 2022?Este ano foi acima das expectativas. Começou com pandemia, com intempéries, de uma maneira bem preocupante. Mas tivemos superávits todos os meses, atraímos novas empresas, foi um ano muito positivo. Claro que muitas demandas ficaram para o ano que vem. O tópico Corsan ainda não foi resolvido, lá em março vamos ter que tomar uma decisão e já estamos vendo uma empresa de consultoria para nos ajudar, assim como fizemos com o transporte urbano, e que nos deu alternativas inimagináveis. Nossa ideia é colocar a gestão do Rapidinho em licitação e utilizar o superávit para segurar ou até diminuir o preço da passagem do transporte urbano.
  • Vamos falar de cada um desses pontos. No caso do saneamento, já há uma decisão por manter a Corsan no município ou há outra possibilidade em análise?
    Estamos avaliando todas as possibilidades. Queremos tomar a decisão mais correta, porque é uma decisão que vai passar por gerações. Temos que nos assessorar com quem realmente tem expertise. Mas buscamos uma empresa que não esteja comprometida com uma ou outra linha e nos dê uma orientação sem nenhum vício, por isso ainda não contratamos.
  • A senhora considera a possibilidade de municipalização?
    Vejo lugares onde a água é municipalizada e estão querendo partir para outro caminho. Eu sou muito adepta de parcerias público-privadas. É uma alternativa em que o poder público continua no comando. Talvez seja uma solução. Em muitas coisas, estamos querendo partir para esse lado. Por exemplo, Quiosque da Praça, restaurante do Parque da Cruz, Bierhaus, Lago Dourado. São projetos que iniciamos em 2021 e vamos concretizar em 2022.
  • Em relação ao transporte, a senhora disse que a ideia é que a arrecadação do Rapidinho subsidie a tarifa. Então, o subsídio do governo vai mesmo acabar em fevereiro?
    Sim, porque acho que não é correto. Fizemos isso em uma situação emergencial, para não se instalar o caos, inclusive com apoio do Ministério Público e aprovação da Câmara de Vereadores. E naquela época, as pessoas estavam usando muito pouco o transporte. Agora, a situação é diferente. O déficit já diminuiu bastante. Então, para que não aumente a tarifa, e nosso objetivo é diminuí-la, vamos usar esse recurso do Rapidinho. Quem tem carro vai pagar para quem precisa de transporte.
  • O que deve mudar no transporte urbano?
    Uma mudança que já começou, e que eu como leiga nunca imaginaria, é o aumento de linhas, que foi sugerido pela consultoria. Algumas pessoas me questionaram: como diminuir o prejuízo aumentando a despesa? Mas foi exatamente o que aconteceu. Foram criadas mais linhas nos locais onde há maior fluxo e deu certo.
  • A extinção da função de cobrador, como aconteceu em Porto Alegre, é inevitável?
    Ainda não vi o relatório final (da consultoria). Vai ser algo muito polêmico se for colocado. Mas o que me disseram é que existe muita rotatividade entre esses funcionários. Até o pessoal do sindicato me colocou isso, que as pessoas não ficam muito tempo. E, graças a Deus, em Santa Cruz temos falta de mão de obra. Todas as empresas que vêm aqui conversar comigo falam que estão com dificuldade de contratar gente. Foi o que aconteceu na obra do Centro (Calçadão da Marechal Floriano).
  • Já que a senhora citou o Calçadão, vamos falar disso. A obra enfrentou muitos percalços. Como fazer com que os trabalhos andem melhor no ano que vem?
    O que eu queria era que a obra parasse em dezembro. Mas não parou. Tivemos que fazer ações emergenciais. Quando ocorreu o primeiro desfile (da Christkindfest), fizemos um “faxinão” na rua, porque estava cheia de entulhos. Vai ficar muito bonito, mas é um projeto muito meticuloso, é demorado.
  • Mas é certo que será concluído no ano que vem?
    Com certeza. A obra recomeçou em setembro, então eles trabalharam só três meses. Mas foi um sufoco, a cada desfile eu ficava nervosa. Alguns empresários entendiam, outros nos xingavam. Mas é assim. É como quando eu autorizei a Oktoberfest. Ouvi muita reclamação, mas não houve problema algum. Agora autorizamos o Carnaval. Vai ser nos mesmos moldes, bem organizado, com carteira de vacinação, protocolos sanitários. Mesmo assim, se tu olha o que falam nas redes sociais, não faz.
  • Mas muitos municípios vêm suspendendo o Carnaval. A senhora está segura quanto a isso?
    Sim. Assim como foi a Oktober do possível, vai ser o Carnaval do possível. Vai ser uma coisa diferente. E é como eu digo: se a Oktober não deu problema, se o Enart não deu problema, por que o Carnaval daria problema? Mas eu disse para eles que tem que ser dentro das regras. Se tiver algo atravessado, a fiscalização vai estar em cima. Mais difícil eu achei o desfile da Christkindfest. Nós só autorizamos porque o Centro estava lotado igual. E durante o desfile, tinha gente distribuindo máscara e álcool gel.
  • Quanto à polêmica da vacinação de crianças, sobre exigir ou não prescrição médica, a senhora tem alguma opinião?
    Sempre fui muito proativa na questão das vacinas. Santa Cruz foi pioneira em vacinação de professores, por exemplo. Mas acredito que, para crianças, terá que haver um cuidado especial, com uma dosagem diferente, enfim. Isso tudo ainda não veio para nós. Quando vier, teremos que estudar. Na minha concepção, seria muito prudente ter prescrição médica. Às vezes a criança tem algum problema de saúde, então acharia muito prudente se fosse assim. Quando meus filhos eram pequenos, era o médico quem receitava as vacinas.
  • No início do ano, houve duas enxurradas históricas que deixaram muitos estragos. Não teme que isso se repita?
    Temos uma grande preocupação quanto a isso. Quando há uma seca grande como essa, geralmente isso acontece. Se bem que agora estamos bem mais preparados. Quantos bueiros foram desobstruídos, quanta canalização se fez, quanta limpeza de arroio se fez. Fizemos o trevo do 2001, ali perto do supermercado Miller se fez uma canalização grande, lá na Unisc também. A situação hoje é bem diferente.
  • Quais obras serão prioridade em 2022?
    Temos todo o plano de mobilidade urbana, que são obras grandes. E temos outras menores, como pontes e asfaltos no interior, ruas na cidade que estamos arrumando também. Queremos também fazer um trabalho bem forte nas paradas de ônibus, pois muitas estão uma vergonha. Não me preocupo em fazer “superparadas”, quero apenas que as pessoas tenham paradas decentes para esperar os ônibus. Essas são as obras.
    Postos de saúde, por exemplo, já temos o suficiente, o que precisamos é que todos tenham médicos; para isso, precisamos fazer um novo plano de carreira. Temos uma faculdade de Medicina na cidade, mas há falta de médicos, porque outros municípios da região oferecem condições melhores. Além disso, acredito realmente que, em março, não teremos mais falta de vagas em creches. Com as creches novas, que estão prontas, e as cooperativadas, vamos terminar com a falta de vagas. Além disso, também vamos iniciar um grande projeto, que é o Pacto pela Paz.
  • E o Centro Administrativo, vai ficar pronto no próximo ano?
    O prédio da antiga Fisc deve ficar pronto até julho. Vamos colocar a Fazenda no primeiro andar, Administração e Planejamento no segundo e Desenvolvimento Econômico no terceiro, junto com o Balcão do Empreendedor e o Banco do Povo. E aí queremos instalar a Procuradoria-Geral no prédio onde está a sede da Assemp. E aí a Assemp poderá ir para onde sempre quis, que é dentro do Parque da Oktoberfest, no Pavilhão Central, ao lado do futuro Centro de Eventos. Depois, tenho que vender o prédio da esquina (antiga Secretaria da Fazenda) e uns terrenos para dar continuidade àquele esqueleto (entre as ruas 28 de Outubro e Coronel Oscar Jost), que está parado há uma década, o que é um absurdo. Vamos colocar as outras secretarias ali e lá em cima, onde é a Secretaria de Obras, vamos colocar toda a parte operacional – o pessoal que pinta ruas, que cuida de sinaleiras, etc. E vou construir um restaurante, com área de descanso e banheiros com chuveiro elétrico para esses funcionários, que merecem um espaço digno.
  • Até agora, apenas um secretário deixou o governo. A senhora tem alguma reforma em mente?
    Quando escolhi os secretários, minha preocupação era que tivessem empatia com o povo e fossem da área. Sempre digo para eles que não quero “secretário destaque”. Quero que todos se ajudem e as coisas funcionem. A mesma coisa para os subprefeitos. Acho que as coisas estão indo bem. E os secretários entendem de suas áreas. Na Educação, é um professor. No Desenvolvimento Econômico, é um empresário. No Meio Ambiente, é um biólogo. Na Saúde, é uma pessoa da área também. Me sinto bem segura.
  • O líder de governo na Câmara, Henrique Hermany, colocou a função à disposição. A senhora pretende indicar outra pessoa?
    Ontem (terça, 28) chamei os três vereadores do Progressistas. Perguntei a eles: quem é o melhor para ser líder do governo? Eles disseram que é o Henrique. E eu também acho. Ele é o mais próximo, tem mais contato com os secretários e muita coisa ele sabe porque já foi secretário também. Então, vai ser ele de novo.
  • O próximo presidente da Câmara será de oposição. Isso preocupa?
    Não. Quando há alguma questão polêmica, eu chamo todos os vereadores e explico. Já chamei todos duas ou três vezes. Fiz isso antes de tomar a decisão sobre a Corsan, por exemplo. Os vereadores representam a comunidade, então é importante ouvi-los e eu vou continuar fazendo isso. Assim como já sancionei muitos projetos de autoria de vereadores. Não tem por que não sancionar se forem projetos bons. Só não sanciono quando eles não podem ser sancionados. Então, isso não me preocupa, porque nenhum vereador e muito menos um presidente vai querer fazer algo contra a comunidade.
  • Vamos falar de eleições. A senhora acha que o Progressistas deve levar adiante a candidatura de Luis Carlos Heinze a governador?
    Sou da opinião de que toda pessoa que se filia a um partido deve poder colocar seu nome à disposição. Acho que ele tem todo direito de fazer isso. Eu só deixei bem claro no partido, e isso todo mundo sabe, que eu vou apoiar a Ana Amélia (Lemos) para o Senado, independente de onde ela estiver. Já deixei isso claro para o presidente (Celso Bernardi) e para o Heinze. A Ana Amélia é uma pessoa que eu considero muito e, se ela sair do partido, não vai ser por opção dela e sim por falta de espaço. Sei que o PSDB e o Republicanos convidaram ela e são partidos que aqui estão conosco, então não vai ser nada traumático.
  • E quanto à possibilidade de Sérgio Moraes ser vice do Heinze?
    Sei que isso incomodou algumas pessoas no partido… Quando vem alguma turma de estudantes aqui, eu mostro todos os ex-prefeitos e sempre digo que todos se elegeram para fazer o melhor pela cidade. Mas cada um tem sua linha, seu jeito, suas qualidades. Tenho certeza de que ninguém se elegeu para fazer algo ruim. Uns me criticam porque eu aceito emendas dos Moraes. Mas esse dinheiro não é para mim, é para a comunidade. E tem uma grande parte da comunidade que vota nos Moraes. E em todos os partidos tem gente boa. Claro que é uma coisa complicada, porque os Moraes e o Progressistas sempre foram rivais. Eles têm a linha deles e nós, a nossa, mas nunca fomos inimigos.
  • Como a senhora vê o cenário da eleição presidencial, que tende a ser polarizado?
    Sempre digo: em um país lindo, rico, de povo trabalhador, não é possível que não apareça uma candidatura que seja conciliadora, inteligente, preparada. Ainda acredito que isso possa acontecer. Me nego a pensar que vamos viver uma polarização dessas.
  • Não gostaria de apoiar nem Lula nem Bolsonaro, então?
    Preferiria que não tivesse essa polarização. Preferiria que surgisse uma pessoa que tivesse domínio, sabedoria, preparo. Eu nunca fui radical. Radicalização não é inteligente, não faz bem. Tu tens que saber ouvir, ponderar, avaliar. Se nós tivermos isso, não vai ser bom para o Brasil.

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