Há anos ouvimos as notícias sobre a guerra na Síria. Os bombardeios, execuções em massa, crueldades sem tamanho e violações de praticamente todos direitos humanos tornaram-se parte do cotidiano dos noticiários, ganhando cada vez menos destaque. No entanto, um chamado da Organização das Nações Unidas nos últimos dias nos fez despertar novamente para as barbáries que acontecem na região. Atrocidades descritas pela ONU como “o colapso total da humanidade”.
Em meio ao fogo cruzado do exército governamental e dos rebeldes anti-regime, famílias são destruídas, homens civis desaparecem, crianças são cruelmente fuziladas. Os poucos sobreviventes não possuem mais onde morar e vivem encurralados sem sequer ter o que comer ou beber. Diante disso, a Organização das Nações Unidas, por meio de porta-vozes, demanda por providências tanto dos envolvidos nessa guerra contra a humanidade, quanto da sociedade como um todo.
No último dia 13, após denunciar o ataque a uma casa que mantinha como reféns mais de 100 crianças desacompanhadas, o Fundo para a Infância das Nações Unidas (Unicef) pediu a retirada de milhares de crianças da cidade síria de Aleppo. Jens Laerke, porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em entrevista para a Euronews reafirmou o apelo da ONU aos militantes para que permitam aos civis sair da área de confronto. O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, descreveu a situação de Aleppo como um verdadeiro inferno na terra.
Publicidade
Como presidente do Capítulo Brasileiro da iniciativa PRME (Princípios para Educação Executiva Responsável) da ONU, me vejo incumbido de levar o tema também para as discussões das Instituições de ensino e entre os milhares de acadêmicos signatários do PRME em todo o mundo. Propósito, valores, metodologia, pesquisa, parcerias e diálogo são os seis princípios da educação executiva responsável, definidos no ano de 2007, em uma força-tarefa internacional que contou com sessenta reitores de universidades e representantes oficiais das principais escolas de negócios e instituições acadêmicas do mundo.
Em 2017, o PRME completa dez anos. Diante de todas as mudanças pela qual a sociedade passou nesse período, é clara a necessidade de uma reflexão acerca de tudo que já foi realizado e alcançado, mas principalmente, a hora pede urgência no planejamento do que deverá ser feito, quais são os principais desafios a superar nos próximos anos e qual o nosso verdadeiro papel dentro do contexto atual. Precisamos avaliar como as articulações do PRME podem contribuir para que os problemas da humanidade sejam superados nos mais diferentes locais e das mais variadas formas.
Após anos debruçados nos princípios do PRME e do Pacto Global da ONU, o desafio de mobilizar um número ainda maior de empresas e instituições nessas iniciativas torna-se ainda mais relevante quando consideramos a multiculturalidade do cenário e seu impacto para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, lançados pela ONU em 2015.
Publicidade
Enquanto o povo da Síria vive algo inimaginável para o século XXI, sem mais tempo para esperar por ajuda, precisamos correr e ampliar a conexão entre instituições e diferentes empresas para que, juntas, possam traçar parcerias e contribuições em projetos, pesquisas e ações em prol do desenvolvimento sustentável.
É preciso entender que um mundo globalizado consiste em muito mais do que conexões via web, e que a inovação vai além de questões tecnológicas. Nosso verdadeiro compromisso é renovar a cooperação entre a comunidade internacional e promover uma parceria global ampla que inclua todos os setores interessados e as pessoas afetadas pelos processos de desenvolvimento, assim como definido no 17º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável.
Somente por meio da parceria e da contribuição mútua, as barreiras da multiculturalidade poderão ser superadas para assim, proporcionarmos resultados eficazes que nos permitam mudar a realidade chocante que estamos presenciando e impedir que a humanidade entre em um colapso total.
Publicidade
Por Norman de Paula Arruda Filho é presidente do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) e do Capítulo Brasileiro do PRME da ONU.
This website uses cookies.