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“O que eu tenho está em um carrinho de mão”, lamenta moradora de Estrela

No local onde ficava a casa de Éllen, no Bairro das Indústrias, sobraram pilhas de tijolos

Faltava muito pouco para a arquiteta Éllen Cristina da Costa, de 31 anos, concluir a reforma da casa: apenas uma demão de tinta no portão e o conserto de um toldo. Nessa semana, porém, os planos mudaram. Com a cheia histórica no Rio Taquari, ela viu a estrutura desaparecer. Restaram apenas o piso, as memórias construídas em família e o trauma de uma noite que parecia não ter fim. “A gente esperava, tinha consciência de que alguma coisa de mobiliário poderia estragar, mas nunca imaginei que não iria encontrar nada”, disse, sem conseguir evitar o choro.

No Bairro das Indústrias, o mais atingido em Estrela, no Vale do Taquari, ela procurava encontrar forças em meio a um cenário desolador. Na vizinhança, moradores tentavam fazer o mesmo. Rodeados por entulhos, destroços e tragédias, alguns ainda esperavam minimizar danos, tentando salvar o que já parecia não ter mais volta. “Agora é limpar, recolher e reconstruir”, disse o assessor de comunicação da Prefeitura, Rodrigo Angeli, que acompanhou a equipe da Gazeta do Sul pelas ruas da cidade.

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Ao circular pela área central, e também pelo Bairro Moinhos, o jornalista relatava, com pesar, o cenário de tristeza e de caos instaurado pela catástrofe natural que também atingiu o município de cerca de 37 mil habitantes. Parte deles, inclusive, precisou buscar abrigo em outros pontos. No ginásio municipal Ito Snel, foram cerca de 300 abrigados. Amparados por equipes de segurança e da Prefeitura, eles recebiam a assistência necessária para enfrentar a situação, apesar de incertos sobre o momento de voltar para o que restou de suas casas.

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“Nós reformamos a casa inteira, conforme tínhamos tempo e disponibilidade de recursos. Ela estava como a gente sempre quis. Antes disso morávamos de aluguel, mas depois meu pai [o dono da casa], que faleceu no fim do ano passado, sugeriu que a gente viesse morar aqui. Não iríamos pagar aluguel, mas, em troca, começaríamos a reforma para depois vendê-la. Era o que planejávamos até o fim do ano.” É assim que Éllen Cristina da Costa descreve os sonhos que se foram com a enchente devastadora.

Ao conversar com a Gazeta do Sul nessa sexta-feira, emocionada, ela contou que, em razão das características do local, era de conhecimento que poderiam ocorrer problemas. No entanto, nunca imaginou que seria algo tão avassalador. Em 2020, um muro chegou a ser levado. Mas na casa, em questão de 30, 40 anos só havia entrado água uma ou duas vezes, cerca de cinco ou dez centímetros.

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Entre os escombros, restaram as paredes de um banheiro arrastado pela correnteza | Foto: Alencar da Rosa

Desesperada, Éllen começou a buscar ajuda pelos grupos de WhatsApp. Ela dizia nas mensagens: “A água tá subindo e não aparece ninguém”. “Quando a água já estava no quadril, meu irmão, que mora em Igrejinha, conseguiu contato com um amigo dele que mora no bairro e tem um barco. Ele ligou e disse que iriam nos buscar. Uma hora nessa situação parece que dura horas. Minha filha estava em cima da mesa. A água começou a subir e a gente não sabia o que fazer. Foi a pior experiência da minha vida”, desabafou.

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No dia seguinte, ela soube o que tinha acontecido. No lugar da casa, não havia mais nada. “Encontrei algumas roupas a 100 metros de distância, penduradas no arame farpado. O que eu tenho está em um carrinho de mão. Algumas coisas achei no mato, longe”, emociona-se. Nos últimos dias, ela passou a revirar os escombros em busca de algum objeto que ajude a preservar a memória dos tempos felizes que viveu no local.

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Ginásio Ito Snel, em Estrela, abriga muitas famílias que foram tiradas de casa pela enchente. Doações ajudam a reduzir o sofrimento | Foto: Alencar da Rosa

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