A semana que antecede a eleição mais polarizada da história da democracia brasileira deve ser marcada por mobilizações de rua, busca por voto útil e embates com tom elevado entre os principais candidatos à Presidência.
Às vésperas da votação, as pesquisas indicam um cenário estável, com um percentual de eleitores que se declaram decididos quanto ao voto ao redor de impressionantes 80%. Para analistas, o fenômeno está diretamente relacionado ao favoritismo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), líderes cujo enraizamento social anulou as chances de uma terceira via. “É a primeira vez que o atual presidente enfrenta um ex-presidente. Isso transformou o pleito presidencial em um plebiscito onde há uma comparação entre o governo atual e o legado do anterior”, analisa o cientista político Carlos Borenstein, da Arko Advice.
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Um dos fatores que devem decidir o resultado que sairá das urnas no próximo domingo é a abstenção – ou seja, o volume de eleitores que deixarem de votar e que não é considerado nas pesquisas. Historicamente, as eleições no Brasil registram índices altos de não comparecimento, chegando a entre 20% e 30%.
“Se tivermos abstenção maior dos segmentos com grau de instrução e renda mais baixos, potencialmente Lula tende a se prejudicar. Já se a abstenção for maior entre setores de classe média e eleitores acima da faixa de 60 anos, é Bolsonaro quem se prejudica”, explicou Borenstein. Segundo o também cientista político Rudá Guedes Ricci, um fator que pode estimular a abstenção é o risco de violência política: pesquisas já apontaram que alguns eleitores podem abrir mão de votar por receio de algum incidente.
Borenstein acrescenta outro fator que pode pesar nos rumos da eleição: o chamado “voto constrangido”.
Segundo ele, como Lula e Bolsonaro possuem elevados índices de rejeição, é possível que parte dos eleitores evite manifestar as suas preferências por um ou outro. “Isso pode beneficiar tanto Lula quanto Bolsonaro. É algo que só poderá ser constatado quando as urnas forem apuradas”, alegou.
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De acordo com o cientista político Paulo Moura, a tendência é de que, nos dias que restam até a votação, Lula aposte no movimento pelo voto útil. Por sua vez, Bolsonaro deve turbinar a campanha negativa contra o petista para tentar elevar a sua rejeição.
Um termômetro forte, na avaliação dele, será a presença das campanhas nas ruas. “Está comprovado que as ondas de mobilização nas ruas criam influência forte sobre os eleitores”, observou Moura. Para ele, no entanto, o volume de indecisos, embora pequeno, ainda pode se movimentar e influenciar o quadro.
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O voto útil, na visão dos analistas, também pode ser decisivo para o resultado das urnas. A estratégia de Lula, segundo Carlos Borenstein, é antecipar o segundo turno para arregimentar votos entre eleitores de outros candidatos, sobretudo Ciro Gomes (PDT). “O eleitor do Ciro tem uma volatilidade grande, 40% ainda podem trocar de candidato e um terço têm o Lula como segunda opção de voto”, analisou.
Conforme Rudá Guedes Ricci, a margem para crescimento de Lula é limitada e se resume basicamente ao eleitorado cirista. “Ele não tem estatisticamente como ampliar muito mais.”
Embora o histórico das disputas pelo governo do Rio Grande do Sul contenha diversas reviravoltas de última hora, o cenário apontado pelas pesquisas até agora fez com que os candidatos Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL) antecipassem o clima de segundo turno nesta reta final da campanha. Nos últimos dias, os dois vêm polarizando os debates e apostando em comparações de perfil.
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Segundo o cientista político Carlos Borenstein, ainda que não se possa descartar uma mudança de cenário, o segundo turno entre Leite e Onyx está “bem encaminhado”. Na sua avaliação, a fragmentação do campo da esquerda favorece o embate entre um candidato de centro e um de direita. “O Edegar Pretto (PT) tem feito um esforço muito grande para se associar ao Lula, mas não tem funcionado, porque o partido se prejudica com essa fragmentação. O Leite está sendo avaliado pelo seu governo, e o Onyx tem atraído o voto do bolsonaristas”, avaliou.
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Já o cientista político Paulo Moura acredita que um movimento de última hora capaz de modificar o cenário não é impossível, a exemplo do que ocorreu em anos anteriores. “É comum no Rio Grande do Sul um grande grupo de eleitores ficar observando a eleição e convergir em grande quantidade e alta velocidade para um candidato na reta final”, disse. Conforme ele, assim como na disputa presidencial, o que deve fazer a diferença nos próximos dias será a capacidade de mobilização dos candidatos nas ruas.
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24/9, sábado – Debate entre os candidatos a presidente no SBT/CNN, às 18h15.
27/9, terça – Debate entre os candidatos a governador na RBS TV, às 22h30.
29/9, quinta – Último dia da propaganda eleitoral em rádio e TV. Também é a data-limite para comícios. No mesmo dia, ocorre o debate final entre os candidatos a presidente na TV Globo, às 22h30.
30/9, sexta – Último dia para veiculação paga de propaganda eleitoral na imprensa escrita.
1º/10, sábado – Último dia para atos de campanha.
2/10, domingo – Votação, das 8 horas às 17 horas.
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1) Confira o local
Caso não lembre o local de votação ou o número da seção eleitoral, é possível consultar em www.tse.jus.br/eleitor/. Basta inserir o nome completo ou número do título de eleitor ou CPF, mais data de nascimento e nome da mãe. Também é possível fazer a consulta pelo aplicativo E-título no celular ou conferir na edição da Gazeta do Sul do próximo fim de semana.
2) Separe o documento
Para votar, é preciso apresentar o título de eleitor ou qualquer documento oficial com foto, como RG, passaporte, carteira de trabalho e CNH. Também é possível apresentar o aplicativo E-título no celular.
3) Prepare a “cola”
Como são cinco votos (deputado federal, deputado estadual, senador, governador e presidente), é importante levar os números dos candidatos anotados. Caso não saiba os números, é possível acessar o DivulgaCandContas (divulgacandcontas.tse.jus.br). A Gazeta do Sul vai publicar os números de todos os candidatos na edição do próximo fim de semana.
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