O que é preciso para ser ator? Profissional dá dicas em oficina do Festival de Cinema
“Ser um ótimo ator ou atriz é só o começo da batalha.” Essa é uma das frases do ator Fred Vittola, ministrante da primeira oficina do 6º Festival Santa Cruz de Cinema. A conversa sobre “atuação para cinema e séries” foi realizada na tarde desta terça-feira, 24, no primeiro dia de programação do evento. Em cerca de três horas, o profissional compartilhou experiências com um grupo de aspirantes e interessados pela atuação.
Na sala 1633 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), os participantes da oficina puderam se apresentar e conhecer Vittola, ator porto-alegrense com mais de 12 anos de carreira (saiba mais sobre ele abaixo). O conteúdo englobou desde a parte técnica e teórica até a prática profissional.
Em conversa exclusiva com o Portal Gaz, o oficineiro destacou a persistência e a criação de boas relações no mercado de trabalho como características essenciais para quem deseja seguir a profissão. A pedido da reportagem, elencou cinco pontos-chave a serem levados em conta por futuros atores e atrizes. Confira!
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Estudar
“O primeiro ponto, com certeza, é estudar. Eu acredito que o teatro ainda é a maior e a melhor escola e qualificação para quem deseja ser ator ou atriz, porque o teatro tem elementos que depois vão ser fundamentais e fazem toda a diferença no set de filmagem. O ator de teatro geralmente tem capacidades de improviso, de imaginação, porque o teatro requer isso. Depois, contar com essas ferramentas no set, te coloca num lugar a mais. Então a primeira questão é estudar; eu falei em teatro, mas tem diversos lugares em que se pode encontrar conteúdo sobre atuação, leituras. É um campo bem vasto.”
Consumir
“Em segundo lugar, eu acho fundamental: se é um ator ou uma atriz que quer trabalhar com cinema, assistir cinema. Parece óbvio, mas às vezes as pessoas não veem. E aí é cinema nacional, porque é onde está a nossa linguagem, a nossa realidade. Tem que ver Hollywood? Tem também. Vai vendo tudo: o que cair no teu colo tu assiste. Mas dá prioridade pro cinema nacional ou pra séries nacionais. Se você quer novela, tem que assistir as novelas e saber quem são os diretores, quem são os colegas de elenco, enfim. Assistir. Consumir bastante esse produto que um dia tu sonha em fazer parte, é fundamental.”
Autoproduzir
“Em terceiro é se autoproduzir. O que isso significa? O nosso mercado é muito difícil, é muito restrito, tem muita gente boa e pouquíssimas vagas. Ter o seu projeto, ter a sua página onde você faz o seu conteúdo, ter os amigos que você junta e consegue fazer um curta-metragem, um mini-metragem. Tem que haver essa produção. Gosta de escrever? Poxa, escreve! Tem que tem que se manter ativo. A gente não pode ficar parado, esperando o telefone tocar com o convite, porque isso não vai acontecer. O mercado é muito feroz.”
Contatos
“Eu acho muito importante também a rede de contatos. E isso conversa muito com a questão da autoprodução, porque a rede de contatos vai permitir, quando tu vai fazer um projeto independente, que tu chame essas pessoas; ou então depois, quando elas têm o projeto delas, te chamem. A galera vai se ‘retroalimentando’ e vai conseguindo fazer os trabalhos. Isso não é segredo e nem só da arte, é em qualquer meio profissional: o famoso QI – Quem Indique. Então tem que ter rede. E é assim que se faz rede: frequenta um festival, vai numa pré-estreia, vai no teatro, conhece aqui, aceita fazer um trabalho que às vezes não é tão vantajoso, mas ali vai ter um ganho indireto, onde vai se conhecer um diretor que a gente quer trabalhar. A rede é fundamental.”
Persistência
“Por último, mas não menos importante, é persistência. Tem que persistir. É cruel, é difícil. Ser um ótimo ator ou ser uma ótima atriz é só o começo da batalha. Em outras profissões, basta ter a excelência que os trabalhos vão chegar; na carreira de atores e atrizes não é assim. Talvez a tua qualidade em cena vai ser importante em menos de 50% da equação. Os outros 60% é aquela rede que tu construiu, é aquela indicação que tu conseguiu, aquelas pessoas com quem tu já trabalhou que vão te indicar. O mercado é muito difícil, então tem que persistir, tem que seguir. Se tu não conseguir viver sem atuar ou é a tua grande paixão, precisa estar disposto a passar por essa provação. A gente está sempre se colocando à prova e tendo que lidar com a negativa. A negativa é permanente. A aceitação, o convite, a aprovação, é o ‘fora da curva’. Então tem que ter muita persistência.”
Ator há 12 anos, a carreira artística de Frederico Vittola começou despretensiosamente. Ele se formou inicialmente em jornalismo na PUCRS. Atuava por seis anos na área quando resolveu fazer uma oficina de teatro, por pura curiosidade. Acabou se apaixonando pelo palco: “Quando eu fiz essa oficina eu não tinha pretensão de ser ator, foi porque eu tinha curiosidade de saber. E foi muito transformador, até pela questão da consciência corporal que o teatro traz. Só que aí eu comecei a tomar gosto”, brinca.
A formação veio em seguida e os trabalhos começaram a surgir. “Foi a decisão mais difícil que eu tinha tomado na minha vida até então, mas foi a mais feliz também, eu resolvi aos 30 anos começar uma nova carreira. E é o que eu tenho construído nos últimos 12 anos, a minha carreira como ator”, destaca. Ele se formou em Teatro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no Teatro Escola de Porto Alegre (Tepa).
O trabalho mais recente de Vittola foi dando vida a Nérsio Barcellos na série Rota 66, do Globoplay. Em 2023, estreia como Rubens, na série Centro Liberdade (Prana Filmes). Participou das séries Desalma, do Globoplay, e TAGEM, da RecordTV. Foi protagonista de dezenas de curtas-metragens e atuou ainda no teatro e cinema. Veja mais sobre a carreira do ator no portfólio.
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Naiara Silveira
Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.