Educação

O que diz a Prefeitura sobre a queda de 137 posições de Santa Cruz em ranking que mede rendimento na educação

A divulgação dos dados do Índice Municipal de Educação do Rio Grande do Sul (Imers) acendeu um sinal de alerta na rede de ensino de Santa Cruz do Sul. Os resultados em todas as fases – alfabetização, anos iniciais e anos finais do Ensino Fundamental – pioraram. Com isso, o município caiu da posição 253 para 390 no ranking gaúcho, ficando abaixo da média estadual.

O único ponto positivo santa-cruzense foi o índice de aprovação, ampliado de 88,8, em 2022, para 91,5 em 2023. Esse item é, no entanto, o que tem o menor peso na formação do Imers. A maior representatividade (40%) é da alfabetização, que apura o conhecimento dos alunos do 2º ano. Nesse quesito, baixou de 58,31 para 52,62.

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Nos anos iniciais, que são representados pelos estudantes do 5º ano no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (Saers), Santa Cruz foi de 63,92 para 57,93. Esse é o segundo grupo em peso na composição do Imers. Os anos finais, que representam 15%, tiveram a menor queda na média, de 39,02 para 37,19.

Além do problema óbvio, que evidencia o prejuízo no aprendizado escolar, baixar o Imers significa a redução de recursos vindos como retorno do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Isso deu-se com a mudança na legislação do Fundo do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que previu a criação de lei estadual com vinculação à educação no rateio do tributo.

O governo municipal já percebe o que isso pode significar na prática. No ano passado, o Índice de Participação do Município era 1,338049128 e baixou para 1,142556534. “Daí a importância de todos os setores da Prefeitura olharem para isso. Se os índices dependem da Educação, no que a Saúde pode contribuir”, destaca a diretora da Escola Vidal de Negreiros e presidente do Cacs/Fundeb, Juliana Breunig Sehnem. Ela cita a lista de espera de estudantes do processo de alfabetização por atendimento na área de fonoaudiologia. “Crianças com dificuldade de linguagem, de fala, demoram mais para se alfabetizar”, explica.

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Resolver esse problema é algo mais complexo, adverte a diretora, pois não é possível partir de soluções simplistas. “Tem que olhar as especificidades e necessidades de cada escola”, enfatiza. Refere-se, sobretudo, ao fato de que instituições de ensino da periferia apresentam resultados mais baixos. Exemplifica ao citar que, neste ano, não houve suporte com professores. “Precisaríamos ter no contraturno o reforço escolar, pensando na reposição de aprendizagem do período da pandemia”, sugere.

A família também é vista como um suporte para a melhora, a partir do acompanhamento mais próximo do desenvolvimento dos filhos. Estar em 390 entre 497, segundo Juliana, exige um olhar urgente de Santa Cruz.

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O que diz a Prefeitura

A Secretaria de Educação emitiu nota na qual avalia que, apesar do recuo de Santa Cruz na classificação geral no Imers/Saers em comparação ao ano anterior, é feito um trabalho focado na qualidade do ensino. Segundo a pasta, indicadores demonstram que o município apresentou evolução em relação a si mesmo em todas as avaliações de proficiência.

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No caso do 2º ano, em Língua Portuguesa, a nota passou de 605 (2022) para 607 (2023). Na Matemática, o avanço foi de 514 (2022) para 532 (2023). Entre as turmas de 5º ano, em Língua Portuguesa foi de 216 (2022) a 222 (2023), e em Matemática de 227 (2022) para 232 (2023). Da mesma forma, segundo a pasta, o 9º ano passou de 251 (2022) para 252 (2023) em Português e de 254 (2022) para 262 (2023), em Matemática.

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“A Secretaria de Educação avalia que a forma como o levantamento é feito, sem considerar as diferentes realidades municipais em relação ao número de alunos e escolas, acaba enfatizando os resultados de cidades com uma estrutura menor”, justificou por meio da assessoria de imprensa. Além disso, segundo a nota, houve uma redução na taxa de participação de estudantes em 2023 em relação a 2022, o que também contribui para a perda de posições no ranking geral.

A Secretaria de Educação salientou ainda a adoção de iniciativas como a escola de tempo integral (já em operação nas Emefs Menino Deus e Vidal de Negreiros e com previsão de ampliação nas Emefs Bom Jesus e Professor José Ferrugem) e o novo concurso para educação, cujas inscrições foram encerradas no início deste mês.

Santa Cruz do Sul tem apostado em uma formação diferenciada para os professores e, na alfabetização, aderiu ao Compromisso da Criança Alfabetizada e Alfabetiza Tchê. Para isso, desenvolve várias ações e formações com os profissionais ao longo deste semestre. “A partir de atitudes como estas, a Secretaria de Educação acredita que está trabalhando para colher resultados mais expressivos na avaliação de 2024 que está em curso”, conclui o comunicado.

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Guilherme Bica

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