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ideias e bate-papo

O que deixarei para os filhos?

No feriadão conversei com amigos de longa data, todos beirando os 60 anos. Nessas ocasiões é inevitável fazer comparativos a respeito de valores, comportamento, moda, vocabulário.

Em determinado momento, proferi uma frase que causou estupefação no grupo:
  – Tenho pena de quem tem filhos pequenos ou pensa em tê-los.

 Depois da reação, expliquei os motivos da afirmação. Considero o desafio da paternidade/maternidade o mais difícil de toda a vida. Os costumes sofreram enorme transformação nas últimas décadas. O advento da internet, que aproximou o mundo e democratizou a informação, trouxe para dentro de casa todo tipo de conteúdo.

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Com filhos adultos jovens – de 23 e 25 anos – tento ser um pai participativo, interessado em conhecer seus amigos, nomes, hábitos e ser rigoroso na observância de alguns valores inegociáveis. O mais novo, Henrique, vai alçar voo solo para morar em outro estado. Lá em casa é uma experiência inédita.

Sozinho, o guri vai mostrar o que consegui deixar como legado de sua formação. Princípios de respeito, humildade, generosidade, educação e compromisso com a excelência profissional constituem o lastro básico do cidadão de bem.

À noite, ao deitar e rezar, agradeço o privilégio de ser pai, enquanto peço discernimento e energia para continuar as cobranças necessárias. A liberalidade dos costumes conduz pais e mães a uma cruel encruzilhada de escolhas. “Amor com limites” é o conceito que resume os preceitos de uma educação que mescla liberdade e responsabilidade na dose certa com equilíbrio. Há muitas tentações para seduzir crianças, adolescentes e jovens, com apelos quase irrecusáveis.
Ver a gurizada criar asas, deixar o ninho e construir seu próprio destino assusta. Nós, que os acompanhamos desde a concepção, duvidamos da nossa capacidade. É comum pensar onde erramos porque somos humanos, mas não sabemos exatamente onde. A trajetória dos filhos serve de avaliação da nossa conduta como responsáveis pelas vidas mais importantes da nossa existência.

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Errar com boas intenções é a regra, mas é preciso comprometimento, sem terceirizar a educação que é compromisso nosso. Repito aos candidatos a pai/mãe que o esforço é diário. E a cada manhã, ao nascer do sol, é preciso pensar que o jogo está zero a zero, que é preciso insistir nos valores, na cobrança, no elogio, na conquista da confiança necessária para antecipar crises.

Legar valores é uma incumbência divina e única, intransferível. É uma missão que não admite fracasso. Exige devotamento porque se trata do destino do que temos de demais precioso: os filhos.       

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