A Polícia Federal (PF) de Santa Cruz do Sul deu sequência às investigações do caso do libanês detido com mais de R$ 500 mil na mala de viagem, durante abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Pantano Grande no dia 12 de julho, em Rio Pardo. Um interrogatório por meio de videoconferência ocorreu na semana passada, em que o delegado Gustavo Schneider ouviu o homem de 30 anos. Esse procedimento também foi acompanhado pelos advogados do indivíduo.
Segundo o delegado, a linha de investigação inicial partiu da hipótese de que o libanês estaria às voltas com uma espécie de câmbio ilegal. O esquema consiste na troca de um determinado montante por dólares, no Uruguai, para depois transportá-lo em espécie novamente até o Brasil e abastecer doleiros.
Em sua defesa, no entanto, o suspeito apresentou outras justificativas para o dinheiro dentro da mala. “No interrogatório, ele disse que é comerciante e o montante era em parte dele, mas também de terceiros. De acordo com ele, o objetivo era adquirir mercadorias e produtos diversos no Uruguai para revendê-los em São Paulo, onde reside”, afirmou Schneider.
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O delegado da PF solicitou ao homem que providenciasse documentos comprovando a procedência do dinheiro e as justificativas que deu no interrogatório, em um prazo ainda a ser definido. “Embora estejamos no aguardo dessa pendência para dar seguimento ao inquérito, o dinheiro segue à disposição da Justiça.” O suspeito, natural do Líbano, estaria morando no Brasil pela segunda vez. Atualmente, reside há pelo menos um ano e meio no País, onde entrou como refugiado.
Uma das infrações que o libanês cometeu foi não declarar o dinheiro antes de levá-lo em viagem – procedimento que deve ser feito sempre que uma pessoa transporta para fora do Brasil uma quantia em espécie superior a R$ 10 mil, em moeda nacional ou estrangeira. A não declaração do montante consiste em crime financeiro de evasão de divisas (ou evasão cambial). De acordo com o delegado Schneider, o libanês alegou que, por ser estrangeiro, não conhecia essa regra e, portanto, não estaria agindo de má fé.
Relembre o caso
Esse foi o segundo depoimento prestado pelo libanês à Polícia Federal de Santa Cruz do Sul. O primeiro ocorreu logo após ele ser detido, no quilômetro 194 da BR-290, em Rio Pardo, pela PRF, no dia 12 de julho, um domingo. Na oportunidade, por volta das 15h30, os agentes pararam um ônibus da empresa Ouro e Prata, de Porto Alegre, que transportava passageiros da Capital até Santana do Livramento, na fronteira do Estado.
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A equipe havia recebido informações de que um estrangeiro levava material ilícito em uma mala no ônibus. A partir da lista de passageiros que estava com o motorista, os policiais identificaram o homem de 30 anos, natural do Líbano, que mostrava dificuldades de se comunicar em língua portuguesa. Ele ficou agitado quando foi questionado sobre a bagagem e demonstrou certa impaciência diante da interpelação dos policiais.
Dentro de uma mala azul, fechado em sacos pretos, em meio a roupas, foi localizado o montante de R$ 558.830,00 em espécie. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, quando questionado pelos agentes naquela oportunidade, o libanês não soube dizer qual seria a procedência do dinheiro e não tinha comprovação de transporte para tal valor. Os agentes da PRF de Pantano Grande, então, liberaram o coletivo para seguir viagem, mas o suspeito foi detido e encaminhado à delegacia da Polícia Federal de Santa Cruz do Sul.
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