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O que a pandemia não mudou

Ao vasculhar os livros de História para conhecer detalhes da trajetória das potências mundiais, quase sempre deparamos com episódios que incluem grande comoção. Isso, via de regra, decorre de episódios trágicos quase sempre consubstanciados na eclosão de guerras – internas e externas –, na explosão de pandemias que ceifam milhões de vidas ou na ocorrência de fenômenos naturais, como terremotos ou furacões avassaladores.

O Brasil é exceção, reflexo do relevo com poucos abalos e pelo espírito pacífico que forjou a índole de nossa gente. Apesar do poderio material, com várias indústrias de veículos e aeronaves de combate, além de armas, não desenvolvemos um espírito belicoso do tipo que se intromete em conflitos de outras nações. Homens e mulheres do Exército, Marinha e Aeronáutica são empregados na criação de forças de paz coordenadas pela ONU em missões mundo afora. Isso faz do nosso país um exemplo de simpatia e de prestígio internacional.

Quando a pandemia de Covid-19 mostrou-se letal no cotidiano, e de longa duração, instalou-se uma discussão que indagava sobre o comportamento que iria permear a postura dos brasileiros na crise. Imaginou-se que finalmente haveria uma mobilização humanitária sem precedentes, reflexo da comoção provocada por milhares de mortes. Em parte, isso se confirmou, como se viu através da implementação de campanhas beneficentes para ajudar as populações em situação de vulnerabilidade social. Foram movimentos que marcaram o diário da Covid no ano passado com recolhimento de cestas básicas, roupas e através da realização de lives transmitidas pela internet.

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Em 2021, a pandemia evoluiu, causou mais mortes, enlutou o país. Novas cepas foram detectadas em diversos pontos do território nacional, simultaneamente à descoberta de diversas vacinas. A imunização avançou, mas ainda era preciso manter os protocolos e cuidados sanitários, como o uso incondicional de máscara e álcool gel. Mesmo antes da disseminação da segunda dose da vacina se veem aglomerações repetidas, um fenômeno irracional que se verifica a cada final de semana e nas vésperas de feriados. Forças policiais varam as madrugadas tentando dispersar as baladas em casas noturnas e em vias públicas.

O termo empatia – capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa – não passou de modismo. Infringir as normas sanitárias não é um ato de escolha, mas um gesto de responsabilidade coletiva. Nesses 19 meses de pandemia, pessoas ávidas em condenar seus semelhantes se esquecem de olhar o espelho. Não temos guerras. Não é difícil imaginar que uma ocorrência desse vulto causaria desastres sem precedentes. Tudo pela incapacidade de agir solidariamente. O que será preciso para um despertar de humanismo?

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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Heloísa Corrêa

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