Entre tantas consequências devastadoras que a violência nos impõe consta a anestesia geral. As estatísticas são uma escalada crescente no quesito barbarismo, com crimes assustadores. Mas parece que somente eles – os crimes realmente absurdos – têm a capacidade de nos chocar.
As primeiras manchetes dos noticiários da televisão são, sem exceção, informações negativas: violência, acidentes, guerras pelo mundo, devastação da natureza, corrupção desenfreada e caos econômico. Apesar do caráter semelhante dos conteúdos, temos que admitir: pouca coisa ainda nos abala.
A banalização da violência nos transformou em meros assistentes. Uma revolta aqui, outra acolá, mas é incomum o engajamento efetivo de comunidades, de maneira sistemática e permanente, para ao menos protestar contra a espiral de violência que atinge o Brasil e o Rio Grande do Sul.
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As consequência trágicas – sejam de um grave acidente de trânsito ou de um crime bárbaro – somente calam profundamente em nosso cotidiano quando nos atingem. O consumo de álcool, por exemplo, socialmente tolerado e até estimulado através de publicidade permissiva e maciça, devasta milhões de famílias a cada ano. Mas não se vê uma indignação capaz de levar à solidariedade da maioria que resulte numa mudança de cultura.
A perda de um amigo ou familiar causa revolta, indignação e, muitas vezes, paralisia. A banalização tem essa inominável capacidade de constranger, amedrontar, desanimar, desistir. O caos financeiro que corrói orçamentos de estados e municípios é campo fértil para a proliferação de atos violentos.
Pequenas comunidades, outrora conhecidas por sua tranquilidade, ostentam números jamais sonhados de crimes. A Brigada Militar, cujo efetivo minguou por décadas, se mostra insuficiente para fazer frente ao crime, mas é instituição fundamental para mitigar os efeitos da violência. Apesar do esforço de seus integrantes faltam quadros, investimento em viaturas, equipamentos, armamentos e inteligência.
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Enquanto isso, o desemprego joga mais combustível na espiral da violência. Dia e noite somos sobressaltados, mas não se vislumbram esperanças de mudança. Enquanto isso, somos reféns dentro de nossas casas.
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