O bom desempenho de Santa Cruz do Sul na criação de vagas formais foi fortemente influenciado pela contratação de safreiros para a indústria fumageira – cerca de 6 mil pessoas, entre janeiro e abril –, um contingente que chega a injetar R$ 9,6 milhões na economia mensalmente, considerando um salário médio de R$ 1,6 mil. Para efeito de comparação, a folha mensal da Prefeitura de Santa Cruz, com 3,9 mil nomes na lista, gira em torno de R$ 11 milhões (sem encargos).
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação (Stifa), Sérgio Pacheco, a expectativa é que haja mais 600 contratações ao longo do ano. Em 2018, o total foi de 6.050. O número atual de chamados é bem menor em relação ao registrado há dez anos, quando se chegou a 12 mil trabalhadores. Apesar disso, o clima é de otimismo, considerando o valor que esse grupo injeta na economia. O piso da categoria é de R$ 1,2 mil, mas os trabalhadores recebem adicionais (como parcelas de participação nos lucros) que podem elevar a média salarial para R$ 1,6 mil. Alguns, dependendo do cargo ocupado, podem receber até R$ 6 mil.
“Além do que eles movimentam no comércio, as admissões impulsionam outros negócios, como as empresas que fornecem as refeições. Nós torcemos, é claro, para que o número de contratações seja sempre maior. E para isso temos pessoal altamente qualificado, com uma capacidade fantástica. Sem falar no trabalhador do campo. Afinal, nós todos dependemos deles”, afirma Pacheco.
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De volta ao trabalho
O ex-estudante do curso de Jornalismo, Juliano Moitoso, de 38 anos, é apenas um dos 9.601 trabalhadores contratados ao longo do primeiro trimestre de 2019 em Santa Cruz. Morador do Bairro Higienópolis, ele ocupa, pelo segundo ano consecutivo, uma vaga na safra da Souza Cruz. Assim como Moitoso, todos os colegas do setor onde atua retornaram à empresa no período sazonal. É o que os números revelam: entre 85% e 90% dos contratados voltam para a mesma empresa todos os anos. Para ele, que já atuou em outras empresas como safreiro, esse tipo de contratação representa uma grande oportunidade de trabalho, que se soma aos benefícios oferecidos. “Muita gente tem preconceito com esse tipo de trabalho, mas é gratificante. Conheço pessoas que até trocaram o curso de graduação para poder atuar em algo mais próximo à realidade da fumageira.”
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Foto: Bruno Pedry
Embora o saldo do trimestre, de 4.841 empregos, tenha ficado menor na comparação com 2018 – quando foram 5.162 –, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, César Cechinato, afirma que os números seguem a linha dos últimos anos. De acordo com ele, o elevado índice de contratações para a época é comum em razão da sazonalidade de algumas empresas, como a indústria fumageira.
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“O que nós devemos comemorar é que Santa Cruz ainda está numa situação privilegiada. Os especialistas em emprego esperavam 80 mil vagas no Brasil em março, mas o saldo ficou negativo em 43 mil”, diz Cechinato. Conforme ele, como a economia brasileira não apresenta reação, o cenário é muito positivo em Santa Cruz no confronto com a situação vivida no restante do País.
Ainda de acordo com o secretário, que estuda os dados do Caged há anos, incluindo os de outras cidades do Estado e do País, a projeção para o município também é positiva. “Todos os dias nós recebemos, na secretaria, empresários de fora que têm a intenção de investir em Santa Cruz, além dos empreendedores daqui com projetos para ampliar seus negócios. Santa Cruz vai ter um ano com excelentes notícias nas áreas da indústria, serviços e comércio”, acredita.
De acordo com o Caged, no mês de março do ano passado foram 4.316 admissões e 1.432 desligamentos no mercado formal em Santa Cruz. O saldo ficou em 2.884 postos de trabalho. Naquela época, o setor que mais contratou foi a indústria de transformação, com saldo de 2.757 vagas. Em 2019 o número foi maior: 3.288. No trimestre, contudo, o saldo foi de 4.918, ante 4.989 no ano passado.
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