Espero que o Papai Noel entenda do Naruto, o ninja mirim que é sucesso entre a garotada. Do contrário, o Bom Velhinho terá problemas em atender ao pedido de nossa caçula, Ágatha. Eu mesmo tive dificuldades em compreendê-lo, depois que, despretensiosamente, espiei a cartinha que a traquinas escreveu ao Noel, enrolou como um pergaminho e escondeu, com cuidado, entre os ramos da árvore de Natal.

A carta, como preza a boa educação, inicia de forma bastante cordial para com Papai Noel. Pergunta como ele está, faz votos para que esteja bem e pinça um e outro elogio ao Bom Velhinho – o que me pareceu bastante astuto da parte da caçula, considerando os interesses por trás da cartinha. A seguir, a traquinas assegura que comportou-se bem, acrescenta que tirou boas notas e passou de ano na escola. E então, vem o pedido: um manto Akatsuki.
Mas o que será isso?
E agora, Papai Noel?

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Não me contive e fui perguntar para a caçula o que seria um manto Akatsuki. Ágatha, claro, ralhou comigo por ser tão curioso, asseverou que é feio espiar cartas endereçadas a outras pessoas e foi conferir se eu havia recolocado-a onde a encontrei, no pinheirinho.

Só então explicou-me que se trata de um traje, usado pelos membros de certo clã ninja nos animes do Naruto. O manto é, na verdade, uma espécie de túnica adornada com figuras de nuvens vermelhas, que cobre os guerreiros do pescoço aos pés. Achei estranho, contudo, que ninjas usassem longas túnicas, uma veste que certamente limita-lhes os movimentos.
– Isso não atrapalha nas lutas?

Ágatha então deu um tapa na testa, inconformada ante minha ignorância. Relembrou-me que nos animes do Naruto os ninjas não lutam da forma como a minha geração acostumou-se a ver nos seriados do Jaspion, com chutes altos e voadoras – e sim com jutsus, poderes meio sobrenaturais, desenvolvidos ao longo de muitos anos de treinamento e de complexa manipulação do chakra, que permitem arremessar nos oponentes um arsenal composto por esferas de energia, bolas de lava, torrentes de água, gases corrosivos, ciclones de areia e chamas escaldantes, entre outros.
Sim, as coisas eram mais simples nos tempos do Jaspion.

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Papai Noel deve estar pensando o mesmo. Noites atrás, fez uma visita furtiva lá em casa e levou consigo a cartinha da Ágatha. A estas horas, deve estar coçando a cabeça sob o gorro, ou enrolando a barba com os dedos, matutando sobre como atender ao pedido.

Ou, talvez, já tenha pesquisado no Google o que é um manto Akatsuki e esteja em conferência com seus duendes, discutindo as melhores técnicas de corte e costura para dar forma ao traje. Certamente, deve ter em sua equipe, entre duendes marceneiros, confeiteiros e especialistas em polímeros sintéticos e circuitos eletrônicos (contratados mais recentemente), também alguns duendes costureiros.

Talvez tenha que voltar lá em casa para tirar as medidas da caçula, dado que ela esqueceu de mencioná-las na carta. Espero que, se for o caso, seja discreto. Imagine a confusão se Ágatha acordar no meio na noite e topar com Papai Noel segurando uma fita métrica.

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Semana passada, escrevi aqui na coluna que Natal é tempo de solidariedade. Aliás, qualquer época do ano pede solidariedade, mas agora, com a chegada do Natal em meio à crise estabelecida pela pandemia, parece-me que urgem, ainda mais, ações de caridade e empatia.

Tenho acompanhado, nas páginas que edito na Gazeta do Sul, inúmeras notícias sobre ações movidas pelos mais diversos grupos e ONGs, voltadas a tornar mais feliz o Natal das famílias necessitadas – o que é um alento. Quanto mais gente ajudando, melhor. Fica, portanto, minha sugestão ao leitor para que se integre, também, a essas belas iniciativas.

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