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O passo a passo dos ladrões no furto milionário ao prédio da loja Marisa

Considerado um dos maiores casos de furto da história de Santa Cruz do Sul, com proporções milionárias, o ataque ao prédio da loja Marisa, em um fim de semana de abril deste ano, aproxima-se de um desfecho na esfera policial. Na ação, uma quadrilha especializada abriu dois cofres de um depósito da Magazine Luiza, situado no subsolo do edifício, e levou centenas de celulares e um alto valor em dinheiro.

Cinco meses após o crime, a Polícia Civil já tem identificada a organização criminosa que agiu no local. O prejuízo deixado pelos bandidos foi de aproximadamente R$ 1 milhão. Embora os celulares e o dinheiro não tenham sido recuperados, a delegada Ana Luisa Aita Pippi revelou que, em contato com outros policiais de cidades próximas da Grande Porto Alegre, tomou-se conhecimento da forma como a quadrilha atua.

Segundo ela, o ramo dos criminosos é o furto de aparelhos celulares e o arrombamento de cofres em estabelecimentos comerciais do interior do Estado. Ainda conforme a responsável pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), já existem provas suficientes para indiciá-los, mas algumas análises ainda precisam ser feitas antes de efetivar o indiciamento.

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Entre as evidências obtidas durante a investigação, está uma grande sequência de movimentos captados por câmeras de segurança, que revela como foi a ação dos criminosos. Embora os ladrões tenham tapado com papel laminado as câmeras internas que monitoravam o depósito, e também levado os HDs com todos os registros de gravações, as imagens deles foram captadas através das câmeras do cercamento eletrônico e do sistema de Vigilância Colaborativa da Brigada Militar e do Ministério Público.

Ficou registrado que o furto ocorreu, inicialmente, entre 21h14 e 23h34 do dia 24 de abril, um sábado. Dois homens entraram no local após arrombar uma porta no subsolo do Edifício Tamam, que fica ao lado da loja Marisa, na Rua Tenente Coronel Brito, no Centro. A entrada dava acesso direto ao depósito onde estavam o dinheiro e eletrônicos. Com o uso de uma esmerilhadeira, dois cofres foram serrados.

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Entretanto, às 23h30 o alarme do depósito soou. Isso fez com que os ladrões saíssem portando apenas uma mochila, onde possivelmente estariam suas ferramentas. A dupla entrou em um Volkswagen Voyage prata, com placas de Gravataí, que estava estacionado na Brito.

Após o alarme, a empresa que faz a segurança chegou a entrar em contato com os funcionários responsáveis para saber se tinham ciência de algo. No entanto, os empregados disseram que um morcego rondava o depósito e poderia ter sido esse o motivo do sinal. Por isso, os vigilantes não foram até lá. Percebendo que o arrombamento não havia sido notado, os criminosos voltaram ao edifício na noite seguinte, um domingo.

Desta vez, um Fiat Palio branco chegou em frente ao prédio da loja às 19h06. Dois homens desceram com sacolas e ingressaram pela porta lateral do Tamam, enquanto o automóvel saiu. Às 20h29, o mesmo Voyage do dia anterior estacionou em frente ao local. A dupla que havia entrado na loja retornou para a rua com quatro sacolas grandes, com dinheiro e celulares, e colocou nos bancos do veículo, que saiu pela via.

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Os ladrões então voltaram para dentro da loja. Já às 20h44, mais um homem invadiu o prédio. Às 20h55, o Palio retornou e os três criminosos saíram do depósito com mais cinco mochilas, que foram colocadas no automóvel com a ajuda de um quarto indivíduo. Por fim, todos ingressaram no carro e saíram definitivamente do local.

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Movimentação da quadrilha foi gravada nos pedágios
Comparando as imagens da movimentação em frente à loja, analisadas pela Agência de Inteligência do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP), também foi possível verificar, nas câmeras do cercamento eletrônico, que ambos os veículos utilizados na ação criminosa fizeram o trajeto entre a Região Metropolitana e Santa Cruz, ida e volta.

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No primeiro dia do crime, o Voyage passou às 20h06 no pedágio de Venâncio Aires, em direção a Santa Cruz. Às 23h43, passou na Avenida Melvin Jones, Bairro Jardim Europa, seguindo em direção à RSC-287. Já à 0h02, ele foi filmado novamente no pedágio de Venâncio, desta vez em retorno à Região Metropolitana.

No dia seguinte, dois homens circularam com o Voyage pelo pedágio de Venâncio em direção a Santa Cruz às 18h11; às 18h50 no entroncamento da Melvin Jones com a RSC287, vindo a estacionar às 19h06 na frente da Marisa. Foi possível visualizar que na mesma data, tanto o Voyage como o Palio fizeram o deslocamento simultâneo entre Santa Cruz e Região Metropolitana, sugerindo a ligação de ambos.

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Câmeras do sistema de Vigilância Colaborativa também foram analisadas pelos policiais

A atuação em conjunto da Inteligência da BM
A Brigada Militar (BM) foi acionada às 8 horas do dia 26 de abril, segunda-feira, após a gerente descobrir o arrombamento. Os policiais do Setor de Inteligência do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) rapidamente localizaram a porta arrombada pelos ladrões, no subsolo do Edifício Tamam. Segundo o comandante da 1ª e 2ª companhias do 23º BPM, capitão Rafael Carvalho Menezes, a complexidade do caso fez com que as agências de Inteligência do CRPO/VRP e do 23º BPM unissem esforços.

“Fizemos o trabalho em conjunto, pois era uma situação com repercussão estadual muito forte, com uma grande empresa de renome nacional envolvida. A identificação preliminar desse delito foi possível graças a essa união de esforços das duas Inteligências da BM. Todos os agentes foram a campo e conseguiram elementos que indicaram o caminho por onde os delinquentes vieram para cometer o furto em nossa cidade”, afirmou Menezes, que também é chefe do Setor de Inteligência do 23º BPM.

“Nos chamou a atenção, em uma análise mais aprofundada, que não era possível eles terem saído do local com toda aquela quantidade de celulares em uma única mochila. Optamos por verificar as imagens do dia anterior e posterior e, para nossa surpresa, percebemos que eles voltaram no domingo e retiraram tudo”, complementou o chefe da Agência de Inteligência do CRPO/VRP, major Cristiano Marconatto.

A suspeita é de que pelo menos uma pessoa de Santa Cruz tenha auxiliado a quadrilha da Região Metropolitana nesse crime. “Temos a clara percepção de que teve alguém daqui da nossa cidade que auxiliou esses criminosos de fora, monitorando o local após o primeiro dia, ou mesmo repassando informações sobre acessos mais vulneráveis”, salientou Marconatto.

“Através do cercamento eletrônico, nós identificamos como eles entraram na cidade, o modus operandi da ação e para onde se deslocaram após cometerem o crime. Repassamos um relatório de 14 páginas dessa movimentação à Polícia Civil, que é quem tem a atribuição de fazer essa investigação”, finalizou Marconatto.

A SEQUÊNCIA DOS FATOS
Dia 1 – 24 de abril de 2021

Às 21h14, o primeiro criminoso acessa o local pelo Edifício Tamam
Às 21h51, o segundo homem entra no prédio, por sua vez, portando uma sacola
Às 23h32, um Volkswagen Voyage estaciona em frente ao prédio da Marisa
Após um minuto, às 23h33, um homem sai carregando uma mochila e entra no carro
Segundos depois, o outro ladrão sai do prédio e entra no Voyage, que sai do local

Dia 2 – 25 de abril

No segundo dia, às 19h06, um Palio branco estaciona em frente ao prédio da Marisa
Dois homens são deixados no local com quatro sacolas e entram no Edifício Tamam
Às 20h29, o Voyage estaciona e os ladrões saem do prédio com as sacolas carregadas
Após os bandidos entrarem novamente no prédio, às 20h44, outro comparsa chega
Por fim, o Palio retorna e os três ladrões carregam o veículo com mais cinco mochilas

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