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O paraíso da bandidagem

Você que está começando a ler este texto, assim como eu, estamos mais para náufragos do que para veranistas. Nossos pais nos ensinaram que devíamos ser honestos, corretos, agir dentro da lei. O mínimo que se espera de um cidadão.

Aprendi que devemos ser responsáveis e cumpridores de nossos deveres. “Quer jogar futebol no domingo, dia inteiro? Tudo bem – diziam. – Mas amanhã é segunda-feira. E você tem aula e tarefas de casa a cumprir.”

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Isso tudo seria irrelevante, a coisa mais normal do mundo para famílias que pautam suas vidas pelo bem.
Mas há a bandidagem. Os malandros. Pessoas que não tiveram a mesma formação (ou não a aproveitaram), e não receberam o aconchego familiar que tivemos e acabaram moldando seu caráter sobre outros valores.

Qual o problema? – eles raciocinam. – Se outros têm mais bens e pouco usam, por que não podemos “compartilhar”? E é o que fazem, sem dó nem piedade. Tudo o que alcançam vai embora, pelo ralo da impunidade.

Nada mais impede marginais de agirem impunes, arrombando e destruindo casas em balneários, fazendas, sítios, invadindo cemitérios, seja o que for. Pior: ficam rindo das vítimas e esnobando os agentes de segurança que quase nada podem fazer.

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Enquanto isso, leio que uma das prioridades do novo governo é desarmar a população. Armas são perigosas, nos dizem. Elas matam. Bandidos, não. Eles são vítimas, precisam de oportunidades. E, certamente, de bens que nos roubam para alimentar seus vícios ou para se manterem no ócio. “Trabalhar é para fracos”, deve ser o título da cartilha que adotam.

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Que país horrível é este onde somos reféns de marginais que se abrigam sob a complacência de uma legislação que tolera o crime, que contempla a impunidade e coloca algemas no cidadão que ousar denunciar alguém! “Me aguarda! Vou te pegar!” É o que ouvimos. E nos resta dizer “amém”!

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A não ser que façamos prevalecer nossa soberania como cidadãos. Não é invadindo ou quebrando bens públicos, patrimônio de uma nação. É derrubando paradigmas, conceitos que ultrajam nossa cidadania.
Já tomei a minha decisão: não voto mais em representante algum, no âmbito do Legislativo – que pena que não alcanço os altos escalões do Judiciário e as figuras que nos humilham com sua arrogância e prepotência – que não se comprometa publicamente a mudar a legislação em nosso país.

Chega de impunidade. Cansei de ver figurões lavando as mãos, se escondendo nas entrelinhas do processo penal, ou se refugiando sob pretextos pouco republicanos, mas validados por xerifes que se proclamam a lei, mesmo que à revelia da Constituição.

Não serei mais cúmplice deste sistema permissivo, injusto, tirano que nos rouba a privacidade, o direito à propriedade e nos proíbe, de forma velada, até de defender a nossa honra e a família.

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Guilherme Bica

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Guilherme Bica

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