Colunistas

O “Padre dos Gravatás”

Amanhece em Antônio Carlos, município catarinense de 9 mil habitantes, situado 36 quilômetros a noroeste de Florianópolis. De qualquer ponto da cidade amostra-se o contorno de morros ainda vegetados, fisionomia que desenha o “Verde Vale das Hortaliças”, condição enfatizada pela empresária Bruna Schmitt. O vale peneplanizado, drenado pelo rio Biguaçu, traz à lembrança de Vera o tempo em que sua família, Fritzen e Frohlich, cultivava verduras aqui no Capão da Cruz.

Essa terra, de despertar esverdeado, foi o berço de Raulino Reitz. Seu nome ilustra a praça, o centro administrativo e a memória, não apenas local. Reconhecido internacionalmente por seus trabalhos na área da botânica, Raulino se dedicou especialmente às bromélias, a ponto de ser popularizado como o “Padre dos Gravatás”. Havendo impulsionado suas pesquisas em São Leopoldo, seu acervo maior encontra-se perpetuado no Herbário Barbosa Rodrigues em Itajaí.

De seus 45 livros, “Bromeliáceas e a Malária – Bromélia Endêmica” (1983), editado com seus próprios recursos, se constitui em referencial a quem se dedica à botânica. Ao tempo em que idealizou e criou Unidades de Conservação, também fundou e dirigiu a Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente (Fatma), entidade catarinense similar à gaúcha Fepam. Com justiça, o descobridor de 408 novas espécies de plantas passou a ser reconhecido como o “Patrono dos Ecologistas Catarinenses”.

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O educador ambiental Raulino Reitz é lembrado por seu colaborador, João Pereira, como “a mais bondosa das pessoas.” Para Rosita da Silva Scherer e seu esposo, o ex-prefeito Ivens (2005-2008), “ele foi um homem além de seu tempo”. Por sua vez, Enedita Pereira recorda seu gosto pelos bolinhos de banana. Já para o jovem Sandro Pauli, estudante de física, Reitz “serve de inspiração”, tanto que, em conjunto com Breno do Amaral, criou o clube de Astronomia Raulino Reitz. Sim, ele tanto observou o chão quanto o firmamento.

Se observador, agora observado. Junto à Igreja Matriz, em frente à “capelinha” de sua sepultura, uma cadeira feita de rocha nos convida para além da simples identificação tumular: “Pe. Cônego Raulino Reitz, 19.09.1919 – 20.11.1990”. Reflexivos, quem sabe, possamos repetir sua frase emblemática estampada no Museu Municipal de Antônio Carlos, para onde nos conduziu a diretora de cultura Thaisy dos Santos: “O que importa na vida não é ser, nem ter, nem poder. O que importa é fazer, realizar em proveito da comunidade”. Dito que nos remete à recém-finda COP 27 no Egito. Não se pode apenas esperar pela seguinte Conferência Climática. Há que se agir sem perda de tempo.

Do tempo, os morros e vales, tão conhecidos por Raulino, entendem. Assim, antes que anoiteça, busquemos a sabedoria da natureza que se manifesta, mesmo quando “erodida”. Aliás, como se encontra nosso Cinturão Verde?

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caroline.garske

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caroline.garske

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