Santa Cruz do Sul e a região chegam ao final de semana que antecede a Páscoa, sempre um momento que propicia reflexões pessoais sobre espiritualidade e convívio em família, com a reverberação do depoimento do professor, escritor e filósofo Leandro Karnal, nessa sexta-feira, 31, durante a Jornada Pedagógica da rede municipal de ensino de Santa Cruz, no auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
É uma lástima, em certo sentido, que palestras como a de Karnal não possam ser conferidas por toda a comunidade, em especial alunos (e pais), e não apenas mestres que com eles trabalham. Como se tratou de atividade dirigida ao público da rede de ensino, ainda assim, o vídeo com essa explanação certamente repercutirá, na íntegra ou em partes, e merece pausa em qualquer outra tarefa que se esteja fazendo para acompanhar a aula proporcionada por Karnal.
Como não poderia deixar de fazer, a Gazeta do Sul acompanhou atentamente a palestra, com o jornalista Guilherme Athayde e o fotógrafo Alencar da Rosa. Eles detalham o que viram e ouviram em uma reportagem. Algumas das frases de Karnal projetam-se como aforismos sobre o estado das coisas no ambiente da educação e, por extensão, na sociedade atual.
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Por exemplo: disse o palestrante que um dos indicadores do descompasso em nossas prioridades está no fato de os bares terem tido as regras de abertura flexibilizadas ao longo da pandemia muito antes do que o retorno presencial fosse admitido nas escolas. De fato, pais ou adultos de qualquer idade terem admitido a frequência em bares e botecos não era um problema para a saúde pública ou para a transmissão do vírus em sociedade; mas filhos ou estudantes irem à escola ou às instituições de ensino, em qualquer nível, isso sim era motivo de preocupação. Conclui-se que os brasileiros, em geral, preocupam-se pouco com os estudos, e sempre mais com bebidas e jogar conversa fora.
Na mesma linha de reflexão, Karnal contou que, certa feita, perguntaram a ele se a escola poderia vencer a Covid-19. A resposta dele é lapidar. “Meu filho, a escola ainda não conseguiu vencer nem o piolho!”
Por tais constatações, deve ficar saliente para todos, tomadores de decisão, públicos ou privados; gestores, professores e trabalhadores do ambiente de ensino, que educação não é (e talvez nunca venha mesmo a ser) prioridade em nosso contexto. E isso sinaliza para futuro um tanto obscuro, tenebroso, justamente quando se mira o horizonte sabendo que novas tecnologias (e com elas novas habilidades, aptidões e demandas) se apresentam e se apresentarão. Como os brasileiros, considerados no senso comum, lá se familiarizarão ou aprenderão algo sobre o que precisarão saber para serem cidadãos de fato nos próximos anos se preferem estar no bar ou no boteco jogando conversa fora (ou, ainda, jogando álcool para dentro)? São essas as nossas metas e as nossas prioridades, como sinaliza Karnal?
Boa leitura, e bom final de semana.
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