Nunca me despeço de uma entrevista da mesma forma que entrei. Cada pessoa. Cada história. Cada momento é luz. É comum passar o restante do dia, e até mesmo da semana, refletindo sobre frases ditas pelas fontes. São esses os aprendizados, inclusive, que fazem eu gostar tanto do ofício de ouvir. Escutar o que o outro tem a dizer. Respeitar a sua história.
Desde que voltei à redação da Gazeta, no início de julho deste ano, tive a oportunidade de conhecer uma porção de gente. Os momentos breves compartilhados com seu Carlos e seu Januário, as figuras centenárias, foram marcantes. As visitas nas escolas, as histórias dos “motorhomeiros” do Rancho Móvel, o retorno do Formigão, as angústias daqueles que tiveram suas casas atingidas pelo temporal… A emoção de tantos entrevistados.
É justamente assim, conhecendo, minimamente, a história de tanta gente, que construo a minha. Alguns servem de exemplo sobre o que fazer. Outros, o contrário. Ainda há os que nos apresentam novos mundos, pontos de vista, experiências.
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Foi assim que eu fui parar, pela primeira vez, num templo de umbanda, semanas atrás. O convite surgiu durante uma entrevista, cujo tema não chegava nem perto. Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, fico tentando lembrar de que forma eu e a entrevistada chegamos no assunto.
Incertezas à parte, marquei no calendário, ajustei a agenda. Então, naquela quinta-feira, às 18 horas, lá estava eu, prestes a conhecer o desconhecido. Quando cheguei ao local, no centro de Santa Cruz do Sul, confesso que me impressionei. Havia uma fila enorme. Dezenas de pessoas aguardando a abertura do espaço, em busca de uma ficha de atendimento. Eu, é claro, parei por lá.
Após algumas conversas despretensiosas, peguei a ficha e me acomodei no salão. Vi muita gente nova, mas também conhecida. Observei os detalhes, as ações, o novo. Lá estava eu, com a sacolinha do mínimo conhecimento, quase sem fazer ideia do que estava por vir. E o tempo foi passando… Entre os integrantes, vestes brancas, pretas, adornos nos cabelos, pés descalços. Entre os espectadores, crianças, adultos, adolescentes, idosos, homens, mulheres. Esperança.
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Enquanto eu continuava sentada na cadeira branca, o espaço lotava. Lá pelas tantas, já havia pessoas acomodadas no chão, outras em pé. E quanto mais apreciadores apareciam, mais eu compreendia a minha pequenez diante da infinidade de possibilidades existentes, muitas das quais nem faço ideia.
Quando o ritual começou, tudo ficou mais interessante. A ansiedade aumentava. Afinal, eu esperava pelo atendimento. O momento no qual escutaria aquilo que, segundo minhas próprias crenças, precisaria ouvir. Quando o letreiro digital indicou 262, pus a mão para o alto, procurando ser vista, prestes a viver o ápice da noite.
As coisas que ouvi seguiram comigo para casa. E ainda estão por aqui, assim como a sensação proporcionada pela experiência. Se irei novamente? Pode ser. O que tenho a dizer? Prefiro que você mesmo sinta. Por aqui, vou seguir entusiasmada, certa de que, muito em breve, descobrirei um novo mundo, a partir de uma nova entrevista. Afinal, naquela noite também me disseram: “Vejo muitas coisas boas no seu caminho”.
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