E daí? Se os três reis magos que celebramos no calendário nesta semana que se inicia, mais precisamente no dia 6 de janeiro, não tenham sido reis, nem magos, talvez nem fossem três, como ensina a tradição, e muito menos tivessem sido guiados por uma estrela? Mudaria alguma coisa na sua vida?
Que eu saiba, afora uma vaga referência em um dos Evangelhos, não há registros históricos que confirmem esta narrativa. Na prática, porém, as três figuras estão em todos os presépios construídos para recriar o ambiente do nascimento de Jesus.
Prefiro ficar com o simbolismo e o que o significado desta data pode nos inspirar para a vida. Segundo a tradição, os magos saíram do Oriente e levaram presentes para o Menino Jesus, que acabara de nascer.
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O que fariam “magos” hoje, do Oriente e do Ocidente? Uma selfie para postar nas redes sociais e garantir muitos likes? Uma live bem animada, talvez polêmica, com impressões diversas e até com direito a choro do recém-nascido? Ou, como reza a tradição, se uniriam em pequenos grupos e levariam uma mensagem de esperança aos lares, em forma de arte, e em troca de uma contribuição beneficente para alguma instituição?
Vi muitas pessoas – jovens e promissores talentos, hoje músicos consagrados, e casais de todas as idades – doando o melhor de si, percorrendo ruas e visitando famílias, para embalar uma mensagem natalina e afagar corações por vezes carentes de atenção e emoção.
Eu sei, a pandemia foi implacável até com as mais singelas tradições e, dentre tantas privações que nos impôs, por certo também inibirá o anúncio da “chegada dos reis” em nossas casas. Mas não pode nos roubar o sentido desta data: o de oferecer algo de nós a alguém especial.
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Não precisamos levar ouro (símbolo de poder), nem especiarias aromáticas (proibitivas para grande parte da população), como teriam sido os presentes atribuídos aos reis magos. Podemos oferecer algo muito mais original: provar que nos importamos com os outros, atravessar o deserto da indiferença para sairmos de nossa zona de conforto e levar amparo a alguém que esteja necessitando.
Podemos nos deixar conduzir pela estrela da esperança. Não porque, enfim, descartamos o calendário de 2020, que não vai deixar saudades, mas porque acreditamos na superação, na resiliência, na ciência. E na vacina! Contra a Covid e contra toda forma de violência, radicalismo e exclusão.
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Distante do cenário que teria atraído os reis magos à pequena cidade de Belém para conhecer e reverenciar o menino Rei recémnascido, também estamos diante de vida nova que está emergindo. Devemos dar crédito aos governos e parlamentos municipais que assumiram seus mandatos, eleitos e avalizados pela vontade popular.
O êxito de suas gestões, muito mais do que afirmação de um projeto político-partidário, se traduzirá em bem-estar para os cidadãos e em desenvolvimento dos municípios. Que tenham sabedoria para tomar decisões acertadas, coragem e determinação para ousar e luz para inspirar suas comunidades. Mas, acima de tudo, que não traiam a confiança que lhes foi hipotecada nas urnas.
Feliz 2021!
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