Colunistas

O Natal pede atitude!

Já é quase Natal e temos mil preocupações para deixar tudo ajeitado, casa em ordem, presentes, ceia, todas essas coisas. Em nossa casa não se trata só de formalidades. Valorizamos o convívio, o aconchego da família e dos círculos familiares que, por intermédio dos filhos, incorporamos aos nossos momentos mais significativos.

É claro que a gente se prende a protocolos e não abre mão de tradições que remetem a momentos inesquecíveis da infância, da adolescência para alguns. E talvez porque ajudava a mãe a confeccionar as deliciosas e coloridas bolachas e o pai a montar o presépio na sala que até hoje me encarrego de estruturar e dar forma a nossa árvore de Natal.

LEIA TAMBÉM: Entre a coerência e a hipocrisia

Publicidade

Mas Natal tem que ser mais que isso. É uma questão que transcende crenças e nos põe de joelhos diante de tudo o que convencionamos como importante em nossa vida. Penso que o Natal, muito além das convenções e da tradição, deveria nos mover a tomar atitudes. Você lembra: de acordo com a Bíblia, o menino Jesus nasceu numa manjedoura, em um ambiente inóspito e muito precário.

Mas gosto desta cena, que procuro reproduzir em nosso presépio: o pastor com suas ovelhinhas no entorno e alguns bovinos contemplativos como a felicitar os pais – José e Maria – pelo nascimento do filho. Um pouco mais distantes, os reis magos se aproximam com suas oferendas ao recém-nascido.

Por certo hoje repensariam suas generosidades. Porque seriam assaltados bem antes de compartilharem suas doações. E alguns dos figurantes no cenário do nascimento do Menino Jesus hoje já estariam abatidos por ladrões assassinos que sacrificam animais no campo para lhes arrancarem as partes (e os cortes) que lhes interessam e jogarem as carcaças para os abutres.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Aos pagadores de impostos

Assim como fazem os irresponsáveis que abandonam cães e gatos em localidades do interior. Sobretudo nesta época, fim de ano, véspera de férias. Sem dó nem piedade, despejam os animais que já foram xodozinhos, mas que cresceram e agora se tornaram inconvenientes, em local distante dos olhos. Mas não da consciência. Uma covardia.

Já recebemos três “presentes” dessa natureza no sítio. O último, uma cadela, veio prenhe. E não deixou barato: colocou uma ninhada de nove filhotes no nosso pátio. Procuramos ajuda, apelamos para ONGs, até para figuras de grife nas redes sociais. Tudo em vão.

Publicidade

Por comiseração, conseguimos doar alguns filhotinhos na redondeza e encontramos uma alma generosa em Santa Cruz que não se pauta por holofotes e nem por likes nas redes sociais. Porque realmente é comprometido com a causa, o Fernando levou nossos cachorrinhos para uma feira de adoção. Uma, duas, três vezes. E conseguiu tutores para três dos nossos bichinhos. Obrigado, Fernando! Você é Panke!

A novidade da semana apareceu na churrasqueira. Sobre o descarte de uma papelada que eu quis incinerar, caíram três filhotinhos de pássaros – pomba-rola, eu acho. Os encontramos a partir dos seus pedidos de socorro. Recém-nascidos, muito frágeis, nos questionamos: o que fazer? Bom, convencionamos que eram vidas que, de alguma forma, nos comprometiam. Com o uso de uma pequena seringa, começamos por injetar um pouco de água. Depois, uma mistura com farinha de milho num pote rasteirinho abriu o apetite dos bichinhos.

Não sei se vão sobreviver. Mas acho que o Natal já tem mais sentido. Porque não é uma data. Mas um convite a atitude!

Publicidade

LEIA OUTROS TEXTOS DE ROMEU NEUMANN

Guilherme Bica

Share
Published by
Guilherme Bica

This website uses cookies.