A cada mensagem que aporta no celular surge o nome do emissário. Ao visualizarmos, instintivamente um adjetivo é incorporado à figura do autor. Mesmo sem querer, é um fenômeno que se repete dezenas de vezes, desde a hora de despertar até fecharmos os olhos. A vida acontece nas telas. De telefones e computadores de vários portes.
Os “malas” – aqueles chatos por vocação – incomodam por causa de bobagens. Gostam de mandar conteúdos desnecessários, óbvios, surrados ou aqueles que dezenas de outras pessoas já mandaram. O famoso “bom dia” é onipresente. Inunda todo tipo de grupo. É, disparado, a maior praga que a tecnologia dos celulares nos legou. Aliás, é impossível criar um “coletivo” sem que haja representante da bancada dos moralistas, inconvenientes, fanáticos políticos, amargurados e debochados. Resultado? Brigas repetitivas que ocupam espaço no aparelho. E na paciência geral que anda no limite.
A rotina no celular é rompida com a chegada de uma mensagem cujo autor é alguém distante ou que há muito tempo “não dá sinal de vida”. Isso costuma gerar muita alegria, mas também curiosidade. Às vezes são boas novas, notícias de conteúdo humano ou de confessada saudade, seguidas de um convite sincero para um café, um chope, um almoço. Cá entre nós, trata-se de um fato raro diante da avalanche de mesmices que transitam pelo celular.
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Vez por outra também brilham na telinha mensagens disparadas de números desconhecidos. Isso causa um turbilhão de sentimentos simultâneos. Eu preciso acessar o conteúdo por causa da minha atividade. Muita gente desconhecida me procura, indicada por amigos. Mas confesso que ando muito temeroso diante da diversidade de golpes nascidos no período de pandemia e que continuam na moda. Naquela época, as pessoas foram obrigadas a ficar em casa, deprimidas pela imposição do “fecha tudo, fica em casa” que impedia a todos de trabalhar, passear ou entrar num supermercado.
Assim como na tela do celular, na vida sempre podemos contar com aqueles amigos que estão sempre muito ocupados. Quem usa expressões “eu não tenho tempo” é alguém pouco afeito à solidariedade, empatia ou é eivado de preguiça para ajudar. Pode conferir na agenda: aqueles “atrolhados de serviço”, que fazem mil coisas ao mesmo tempo, leem as nossas mensagens, retornam ligações e se empenham na busca de solução para nossos problemas.
Igual à vida, a tela do celular é a passarela de personalidades que forjam o nosso mundinho. Todos cultivam parceiros, interesseiros, parentes inconvenientes, amigos fiéis e outros sem noção. Mas sempre teremos irmãos que a vida nos legou para consolar, ajudar, orientar, nos trazer de volta à realidade para mostrar que o mosaico humano é o molho da vida.
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