Semanas atrás, passei três dias em Porto Alegre entrevistando os postulantes a governador para a Gazeta. Para além de uma obrigação profissional que cumpro a cada quatro anos, é uma experiência à qual dou muito valor, enquanto cidadão. Quem não gostaria de ter uma hora cara a cara para perguntar o que quiser e observar detalhe por detalhe a postura de cada candidato – se falam com segurança, se parecem acreditar no que dizem, se demonstram domínio dos temas e por aí vai?
Foram horas e horas de entrevistas e, na volta para casa, pensando em tudo o que havia escutado, percebi que nenhum havia me agradado ou desagradado por completo. De cada um, poderia tirar ao menos uma ideia ou ponto de vista que julgo pertinente. Gosto muito, por exemplo, de ouvir o Vieira da Cunha colocar a expansão do ensino em tempo integral no centro de seu programa. Não tenho dúvidas do impacto social grandioso que isso teria para o Estado.
Na área da educação, por sinal, três outras propostas me chamaram a atenção. O Ricardo Jobim falou em municipalizar as escolas de Educação Infantil, enquanto o Luis Carlos Heinze defendeu convênios entre estados e prefeituras para obras em escolas estaduais – simplificando, o Estado repassa o dinheiro e quem executa a obra é a Prefeitura. Interessante, pois a realidade mostra que os processos são mais céleres nos governos municipais. E temos exemplos aqui na região de educandários que só não fecharam as portas porque foram assumidas por prefeituras. Já o Eduardo Leite acerta quando diz que é preciso aportar mais dinheiro sob autonomia de gestão das escolas. É inviável que, a cada vidraça quebrada, seja necessário ir passar o chapéu na Capital.
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O Vicente Bogo sugeriu copiar um programa bem-sucedido de Santa Catarina, por meio do qual parte do ICMS recolhido pelas empresas seria destinado a alguma entidade que ofereça qualificação de mão de obra. Ou seja, o imposto volta em competitividade, não faz todo sentido? Também concordo com o Roberto Argenta quando diz que o Estado precisa se desfazer de imóveis inúteis, como o Palácio das Hortênsias, em Canela. Não tanto pelo valor que a venda geraria, mas porque nos livraríamos de elefantes brancos que alimentam a imagem de um Estado inflado e sem controle e, quiçá, abriríamos caminho para investimentos com mais retorno para a sociedade.
O Onyx Lorenzoni foi o único que deu ênfase à necessidade de expandir o potencial turístico subaproveitado do Rio Grande. E disse bem: se Gramado e Canela deram tão certo, por que outras regiões também não podem dar? O Edegar Pretto, por sua vez, propôs a criação de um fundo para enfrentamento a intempéries – algo urgente, visto que as estiagens tendem a ser cada vez mais frequentes e avassaladoras para a economia. São apenas exemplos.
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Até fiquei pensando que proveitoso seria se, antes de votar em candidatos, pudéssemos eleger propostas. Seria assim: em um primeiro momento, seriam colocadas na mesa as diferentes ideias para cada setor e a população escolheria as que entendesse melhores. Quer dizer, antes de escolher quem queremos que nos governe, decidiríamos o que precisa ser feito. Só depois é que entrariam em cena os nomes, que teriam que se mostrar capazes de executar o programa vencedor. Certamente o risco de uma decepção reduziria bastante. Por ora, sugiro que ninguém vote antes de se informar ao máximo sobre os candidatos. Frases prontas e soluções fáceis podem até ganhar eleição, mas não resolvem os problemas do país.
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