Estudos históricos, sociais e científicos têm ensinado acerca de uma série de consequências relacionadas ao sentimento do medo, um dos fatores predominantes de preservação das espécies.
Tanto em ameaças físicas quanto psicológicas, a sensação de medo desperta alertas e reações. O sentimento extremado do medo é o pavor. Antes, porém, ocorre o sentimento de ansiedade. Diante de um fato novo, estranho ou desconhecido, e face à incapacidade de dimensionar suas consequências imediatas e futuras, flui o sentimento de ansiedade. Uma perturbação que pode levar ao medo. Nos casos mais graves de medo e estranhamento, ocorrem as fobias. Nesse caso, uma doença.
Esta introdução acerca do humano sentimento de medo e do estranhamento me ocorreu com o intuito de relacionar aos fatos políticos mais recentes no cenário internacional.
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Como exemplo, refiro-me às reações relativamente à onda migratória (da África e do Oriente Médio) que atinge e envolve praticamente toda Europa e à recente eleição e posse do empresário Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Mas há mais casos.
Consequentemente, no meio jornalístico, acadêmico e político-ideológico, principalmente, predominam a retórica e o entendimento de que essas reações popular-eleitorais (contra as migrações, no caso da Europa, ou contra o desemprego, no caso dos EUA) caracterizariam o que denominamos em política, regra geral, de “comportamento e reação de direita”.
Nada mais falso. Não é ideológica a reação popular europeia face à intensa imigração. É simplesmente o medo. Não bastasse o desemprego atual, ainda impera o temor da violência aleatória (representada pelos atentados terroristas). No caso norte-americano, é verdade que Trump exagera nos seus discursos antimigratórios (ilegais, diga-se com ênfase!). Mas é uma mentira a degradação dos padrões de vida e a queda dos níveis de empregabilidade (dos EUA)?
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Evidentemente que, do ponto de vista político-eleitoral, colherão dividendos nas urnas aqueles que alertavam desde sempre quanto às consequências negativas (para o meio de vida local) dessas hipóteses. Ainda que preconceituosa e demagogicamente. Mas isso não está relacionado à política ou à ideologia. É simplesmente o humano e animal sentimento do medo e da desestabilização social. É a atávica hierarquia do medo.
Resumindo, a modernidade começa pelo medo. Se o motor da história em Karl Marx é a luta de classes, em Thomas Hobbes é o medo. Ou, então, em Erich From: o medo à liberdade.
O medo faz com que dominemos e sejamos dominados. O medo que salva é o medo que mata!
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