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O Lado Pessoal: um Papai Noel de verdade!

Não pense você que é fácil entrevistar o Papai Noel. Principalmente agora, nestes últimos dias, os que antecedem o Natal. A agenda do Bom Velhinho é algo que só alguém como ele, onipresente, com o poder de se multiplicar, consegue cumprir. Ele está nos shoppings; nas escolas; na festinha da firma; estático em frente a uma loja…

E além de eu ter que “driblar” a sua total entrega aos seus afazeres corriqueiros – anotando pedidos, atendendo pedidos! –, uma outra questão me atrapalhou um pouco na abordagem: sempre tive muito medo de Papai Noel! Desconfio de quem usa roupas de inverno no verão, com coturnos e um grosso cinto preto sobre uma túnica vermelha; fico com um pé atrás com quem anda com um saco suspeito pendurado nas costas, entra na nossa casa pela chaminé e depois sai voando por aí num trenó puxado por renas.

Encontrei o nosso Papai Noel quinta-feira à tarde num Poliesportivo fervilhante, numa muito animada festa promovida pela galera da Apae. Êta galera bem animada! E não havia renas, nem trenós. Fiquei mais tranquilo. Ele chegou ao local de skate e, como era de se esperar, entre uma manobra e outra sempre amparado por sua inseparável bengala, fez o maior sucesso.

Em sua entrada triunfal, anunciada ao microfone por uma mestre de cerimônias, todos largaram o que estavam fazendo – os brinquedos com os quais estavam brincando – e correram ao encontro do Bom Velhinho. Cercaram ele. Sua risada, “how, how, how!”, ecoou nas arquibancadas do grande ginásio. E só não lhe tiraram a barba, no afã dos abraços, porque ela não é postiça. Ela é de verdade. Uma longa e bela barba, bem branquinha. Longos cabelos brancos, também, de verdade. Sobrancelhas brancas bem cuidadas, bem feitinhas…

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Toda a verdade, aliás, reunida ali, naquela pessoa muito gente fina, simpática, carinhosa, sorridente, com óculos tipo John Lennon e fazendo o sinal dos surfistas – uma coisa assim meio hang loose – com a mão que não é a da bengala, que equilibra na ponta de um dedo. Ele até me deu um abraço que me tirou do chão… Me chamou de “pirralho”! Papai Noel é mó legal! Essa coisa de ter medo dele é coisa do passado. Do meu passado.

Papai Noel tem uma assistente, a Yur (que nome bem bom para uma assistente de Noel!), que é quem cuida de tudo para ele. Principalmente de sua agenda. Há quatro anos que o serviço se intensificou e hoje é praticamente impossível atender a todos os convites. Mas ele faz o que pode, movido com a energia do Espírito Natalino. A novidade, neste ano, é que ele está gravando áudios e depois manda até para aquelas famílias que não vai conseguir visitar ou para uma menininha que é deficiente visual e a quem ele disse que está “morrendo de saudade”, desejando-lhe o mais feliz Natal de todos os tempos. A Yur me mostrou. Eu ouvi. É muito bonito e emocionante.

É, o Papai Noel é hoje um cidadão moderno, que anda de skate e usa o celular. Foi pelo messenger que eu consegui conversar um pouquinho com ele. Anda muito ocupado. Na quarta esteve em Santa Maria. A terça, a próxima, vai ser uma loucura. Os compromissos começam na tardinha e vão até o outro dia, sem hora para acabar. Mas é assim que ele se diverte: fazendo a alegria dos outros. É esse o verdadeiro espírito de Natal, que Cristo disseminou, há mais de 2 mil anos: fazer a alegria dos outros!
Saio do Poliesportivo contagiado. Energizado por todos aqueles sorrisos, aquele alto-astral sem fim, que se propaga em todos os corações. Me sinto feliz. Realmente muito feliz! Pensando bem, acho que sempre tive medo é dos covers de Noel, com suas barbas falsas, de papel, cola e algodão, e suas barrigas moles, de travesseiros de penas, e hálito de balinhas de hortelã misturado com cachaça. Um Papai Noel de verdade não mete medo em ninguém, mas nem por isso você tem que deixar de andar na linha, ok.

Feliz Natal para todos os que acompanham O Lado Pessoal!

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