A frase de Jean-Paul Sartre resume com fidelidade o Brasil. Todos os dias somos assaltados por notícias de tirar o fôlego, de nos encher de revolta e indignação e nos levar a condenar muita gente. Com ênfase para os políticos. Na atual conjuntura, a política se transformou na Geni da hora, personagem preconizado por Chico Buarque a quem todos apedrejam como única culpada de todos os males.
Além de esquecer que somos nós – eleitores – que a cada quatro ano passamos uma procuração a nossos representantes – vereadores, prefeitos, deputados, senadores, presidente da República e governador – contribuímos diariamente com péssimos exemplos que inspiram as novas gerações. O vandalismo é um fenômeno moderno que constrange a todos nós, seres humanos civilizados que insistimos em pichar, quebrar, furtar.
Burlar as regras mediante pequenas transgressões virou esporte nacional. Duvidam? Então observem a fila do caixa do supermercado, nos chamados “caixas preferenciais”. São os terminais destinados ao atendimento de idosos, gestantes, portadores de deficiência e, em segunda opção, para clientes com até dez ou 15 produtos adquiridos (depende do súper).
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Costumo observar o comportamento nas lojas para comprovar a total incapacidade de respeitar as leis mais prosaicas. A vaga no estacionamento, a ordem na fila, a devolução de uma bicicleta alugada em perfeito estado ou respeitar a velocidade máxima de rodovias e avenidas são desafios impossíveis de superar.
Ao mesmo tempo em que a esmagadora maioria dos brasileiros nutre indignação diante das barbaridades descobertas pela Operação Lava Jato, a desobediência às mínimas regras de convivência social grassa em todos os ambientes. Respeitar a lei é coisa para trouxas, babacas, gente que destoa da maioria por seguir o que determinam leis, regulamentos ou o bom-senso indispensável às relações interpessoais.
A educação – sempre ela! – é a única alternativa de reverter o festival de absurdos que tira nosso apetite durante o horário nobre de tevê. A obsessão em levar vantagem em tudo, mesmo que seja preciso burlar todos os códigos de decência, é moda que não sai de moda. Ser honesto, íntegro, cumpridor de deveres, observador de regras é um comportamento totalmente demodê.
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Criticar os outros é normal. Obedecer o que reza o bom- senso, jamais. Nessa toada forjamos gerações de “vivaldinos” – como diria meu pai – que se locupletam da meia dúzia que insiste em ser honesta e ordeira.
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