Havia três dormitórios enormes, um para cada divisão. As camas eram simples e pequenas e não havia quartos. Ao lado de cada leito, um estande pequeno com uma toalha e uma bacia. Ao fundo, os WCs. Os banhos de verdade eram às quartas-feiras, se não me engano. Havia uma piscina encravada na rocha. Entrávamos de calção e ali nos lavávamos na água fria, inclusive no inverno. Necessário frisar que não tínhamos férias de inverno. No dia de Santo Inácio, os pais e parentes podiam visitar os seminaristas. As férias eram em janeiro e fevereiro.
O nosso dia era assim: bem cedo soava a sirene para que todos despertassem. Íamos ao pátio para exercícios físicos. Após, era servido um café com leite e uma fatia de pão com “Schmier”. Depois, todos se dirigiam para as salas de aula. O silêncio era rigoroso e o aluno que quisesse fazer uma pergunta tinha que levantar a mão e esperar o professor permitir.
O currículo pode-se dizer que era como os antigos “clássicos”, com ênfase, portanto, para Idiomas, Filosofia, Religião, História etc.
Publicidade
Em idiomas, o Latim e o Português eram obrigatórios e havia opção para escolha de Francês, Inglês ou Alemão. Diga-se de passagem que o Latim era obrigatório no vestibular de Direito da Ufrgs no meu tempo. Fui aprovado graças ao estudo no Seminário.
Havia uma excelente biblioteca, muito importante para uma formação sólida.
Também havia uma ala bem grande para o estudo da música. Nesse ponto, os padres primeiro viam quem tinha dom musical para o canto. Alguns logo se destacavam para algum instrumento. Havia vários órgãos, instrumentos de corda, sopro, etc.
Publicidade
Eram três os campos de futebol. Muitos jogavam de pés descalços, davam voadoras, pois valia para eles tudo do pescoço para baixo. Realmente, muitos eram filhos de agricultores e um número um pouco menor vinha das cidades.
As cartas enviadas não podiam ser fechadas. Só eram despachadas depois de um padre as ler. As que vinham eram previamente abertas e lidas pelo superior.
Fora dos períodos de aula, havia o trabalho. O seminário tinha uma boa extensão de terras, com animais e plantações.
Publicidade
Os “colonos” preferiam a roça. E nós, os “ cidadãos”, pegávamos mais leve, como trabalhos manuais, jardins, colheita de frutas.
Durante as refeições, era comum a leitura em voz alta de textos. Por sinal, o hábito da leitura cresceu para mim no Colégio Santo Inácio.
De minha parte, asseguro que fui muito feliz e fiz eternas amizades, nunca tendo qualquer dissabor.
Publicidade
“At last but not least”, falarei sobre as orações e outros temas, porém mais adiante.
LEIA MAIS COLUNAS DE RUY GESSINGER
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade
This website uses cookies.