Como já aconteceu em várias oportunidades, no Brasil, estamos assistindo, de novo, a variação quase diária do dólar frente ao real e geralmente para mais; dito de outra forma, são necessários cada vez mais reais para comprar um dólar. A alta do dólar que já atingiu o maior valor da história do país – R$ 4,20, em 30 de agosto de 2018 – traz, evidentemente, consequências, boas ou más, dependendo da posição e situação de cada um, para as empresas, entidades de qualquer espécie ou pessoas físicas que de alguma maneira lidam diretamente com a moeda americana ou são atingidos por suas variações.
A primeira pergunta que geralmente as pessoas fazem, principalmente em tempos de alta do dólar: por que as moedas têm valores diferentes entre si? Muitas pessoas ainda acreditam, ingenuamente, que as moedas deveriam ser trocadas por cada unidade, isto é, 1 real é igual a 1 dólar que é igual a 1 yuan, a 1 euro, a 1 yen…
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Em condições normais, as moedas já tem valores diferentes entre si porque seus países são diferentes em inúmeras variáveis: economia mais forte ou mais fraca, com mais ou menos produtividade; política mais ou menos estabilizada e poderes públicos mais ou menos eficientes; população mais ou menos instruída ou qualificada, etc. Enfim, cada país oferece mais ou menos segurança para sua moeda. O resultado disso é a taxa de câmbio que mostra o preço de uma moeda estrangeria medido em unidades ou frações da moeda nacional.
A ocorrência de altas mais acentuadas do dólar, como as que estamos constatando já há alguns dias, indicam a existência de motivos extras que faz com que pessoas e empresas procurem proteger-se, comprando moedas mais fortes. Pode ser uma crise política, envolvendo países diferentes, ou o simples aumento dos juros dos títulos públicos americanos: isso faz com que muitas pessoas levem seu dinheiro para os Estados Unidos, não levando, evidentemente, reais ou outra moeda nativa qualquer, e, sim, dólares, ainda mais que os americanos não aceitariam, por exemplo, nossa moeda para aplicação naquele país; 2) o cenário político do Brasil: de modo geral, os estrangeiros odeiam instabilidades políticas, sociais, econômica como o Brasil tem apresentado frequentemente, principalmente nos últimos anos; 3) a incerteza do resultado das eleições, que pode entregar a presidência do país a algum político mais populista, geralmente gastador, ou nacionalista, fechando a economia do Brasil. O dólar, como outra mercadoria qualquer, segue a lei da oferta e procura. Se há muita procura, por qualquer motivo, como agora, seu valor aumenta; já quando a situação voltar a se estabilizas, muitas pessoas vão querer vender seus dólares, provocando a diminuição de seu valor.
Quando assistimos ao jornal na televisão ou acompanhamos as notícias em sites da internet, informando que o valor do dólar subiu, podemos estar certos que, mesmo não sendo investidores da moeda, vamos ser atingidos: 1) aumento do preço de produtos importados: não só máquinas, carros, eletrodomésticos e eletrônicos, mas também o trigo usado para fazer nosso cacetinho de cada dia; 2) as viagens internacionais ficam mais caras: ter um cuidado especial quando usar o cartão de crédito internacional porque o susto pode ser grande ao receber a fatura; 3) ganhos com investimentos: não só quem comprou dólares com preço mais baixo, mas, também, quem investiu em ações de empresas que exportam.
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De acordo com especialistas, enquanto se mantiverem as condições brasileiras atuais – economia quase parada e eleições -, além de eventuais crises no exterior, o dólar vai continuar num valor mais elevado, podendo chegar a R$ 5 ou até mais. A situação pede cautela, o que pode ser a oportunidade de examinar o comportamento e a forma de administração do dinheiro, educando-se financeiramente o que pode ajudar a enfrentar e vencer a atual e futuras crises.