O mundo está em tensão desde o último dia 7, quando o grupo Hamas atacou, de forma sem precedentes, o território de Israel. Trata-se do maior massacre de judeus desde o Holocausto, durante a Segunda Guerra mundial. A invasão terrorista, que está sendo chamada de genocídio, reaqueceu o clima de conflito entre palestinos e judeus no Oriente Médio.
A paz já esteve perto de ser realidade em diferentes momentos. Augusto Lerner, jornalista que já foi correspondente em Israel, recorda situações como o acordo com o Egito, no fim da década de 1970; o acerto, em 1994, com a Jordânia; e o resultado do tratado de Oslo, na primeira metade da década de 1990.
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O que acontece agora, no entanto, é avaliado como diferente pelo profissional. “Os civis palestinos estão sendo ‘sequestrados’ pelo Hamas, sem possibilidade de sair pelo Egito porque os terroristas não dão liberdade, nem o Egito tem interesse”, explica. Assim, o revide israelense deve representar o aumento significativo de vítimas civis, pois a Faixa de Gaza, onde os palestinos estão concentrados, tem 360 quilômetros quadrados de área, com população de 2,6 milhões de habitantes (é metade da área de Santa Cruz do Sul com 20 vezes a população santa-cruzense).
A resposta do governo israelense deve ser enérgica, sobretudo porque configura-se na maior falha de segurança do Estado. “Teve terroristas no solo israelense, e isso nunca aconteceu”, afirma. Diante dessa situação, contrariando a tradição de conflitos resolvidos de forma rápida, a tendência, entende Lerner, é que se arraste por um tempo maior, sem possibilidade de prever as consequências. “O que o Hamas fez foi uma atitude sem precedentes, e a resposta será assim”, acrescenta.
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Lerner diz perceber que os judeus, diante das imagens divulgadas em redes sociais, com crianças, jovens e mulheres com cabeças decepadas, são remetidos aos horrores do Holocausto. “Naquela época, os judeus não conseguiam se defender. Hoje, podem. O Hamas não pensou nem no povo israelense, nem no povo palestino”, reforça. E como retorno, Israel já adiantou que não vai parar enquanto não encontrar os líderes. “Os líderes do Hamas, que não estão na Faixa de Gaza, como os que ficam na Turquia e Catar, estão com os dias contados”, prevê.
A ação do Hamas tem sido rechaçada por entidades e países de todo o mundo, exceto os tradicionais adversários israelenses. A iniciativa bélica não acontece, porém, ao acaso. Coordenador dos cursos de Economia e Relações Internacionais da Unisc, Bruno Mendelsky destaca que os palestinos têm um grande sentimento de injustiça pelo avanço da ocupação israelense (evidenciada na arte da Agência Brasil). “Essa ação de ocupar territórios que não são deles é condenada historicamente desde os anos de 1950 pela Organização das Nações Unidas (ONU)”, reforça.
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Mendelsky ressalta que não só avança, como passa a ocupar áreas dos palestinos, restando apenas a Faixa de Gaza e a Cisjordânia – áreas que vivem o temor de ações do governo radical que administra Israel atualmente. “Desde 2007, o país controla quem entra e quem sai de Gaza. São pessoas que vivem na pobreza e Israel tem responsabilidade por isso”, descreve.
Intensificando as ações, o exército tem limitado o acesso a água, combustíveis e energia, além de direcionar ataques a áreas diversas e com a previsão de invasão por terra. “Os dados mostram que, entre 2008 e 2023 (até o início do conflito), morreram 5,5 mil palestinos e 251 israelenses”, lembra Mendelsky.
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Curiosidade
Em 1947, o Reino Unido se preparava para deixar a Palestina, região majoritariamente árabe que lidava com uma recente e crescente imigração judaica, apoiada pelo governo britânico por meio da Declaração de Balfour, de 1917.
A rápida modificação no equilíbrio demográfico da região gerou tensões entre as duas comunidades. A solução para a situação explosiva foi entregue à Organização das Nações Unidas (ONU). Em assembleia geral, presidida pelo gaúcho de Alegrete Oswaldo Aranha, foi concebida a solução para a Palestina: a sua divisão em dois estados, um para os judeus e outro para os árabes. E, apesar da orientação do Itamaraty para que o Brasil se abstivesse, a delegação votou a favor da partilha.
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País age rápido na retirada da zona de perigo
O governo brasileiro já retirou 1.137 cidadãos da zona de perigo. O País defendeu, no Conselho de Segurança da ONU, a criação de momentos de pausa no conflito para que civis pudessem deixar a área. O objetivo não teve êxito, devido ao voto contrário dos Estados Unidos e duas abstenções, uma delas da Rússia. Em carta, o presidente Lula já havia condenado as agressões contra crianças de ambos os lados.
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