Os gaúchos assistiram nessa semana a uma notícia chocante: cerca de 6 mil pessoas foram enganadas por uma cidadã que se passava por advogada e cobrava para encaminhar benefícios. O golpe foi tão bem pensado que ela chegava a pagar (por conta dela) valores para alguns segurados, para que eles pudessem confirmar que ela havia conseguido o benefício e teria sido muito rápido.
No entanto, o que se viu foi que a maioria das pessoas desembolsou dinheiro para contratar os serviços da falsa advogada e não recebeu nada. Nem mesmo tinha benefício encaminhado no INSS. Algumas pessoas até tinham direito e mesmo assim nada constava no sistema da previdência.
O que devemos nos perguntar é: como uma pessoa que atendia numa pequenina sala na cidade de Pelotas conseguiu enganar muita gente? Prometendo milagre. Simples assim!! Dizia que tinha brecha na lei para convencer um agricultor de 52 anos a pagar para ela encaminhar a aposentadoria que, todos sabemos (já falei do assunto aqui várias vezes), a idade é de 60 anos. A expressão “brecha na lei” já deveria ter afastado o segurado da ideia de contratar a golpista. Mas, não! Ele acreditou!
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Outra promessa comum era de que o benefício sairia em uma semana. Ora, por que tem mais de 5 milhões de pessoas esperando para ter benefício analisado e justamente ela conseguiria acelerar a concessão? Não seria de desconfiar dessa promessa? Até há casos em que o benefício é concedido pelo sistema, são poucos, mas tem. Porém, não é porque alguém milagrosamente encontrou uma brecha, e sim porque TODAS as informações que o “robô” quer estão no cadastro previdenciário.
Ela também alegava que tinha contatos no INSS. Mais um motivo para sair correndo. Explico: usar influência para furar fila é crime. E, na prática, isso seria muito difícil, pois tudo passa pelo mesmo sistema e fica registrado. Só hacker que invadisse os sistemas poderia conseguir algo assim.
O que toda essa história triste, porém verídica, nos ensina? Evite a tentação de pegar um atalho. Mais ainda, não faça isso quando fica muito claro que tem alguma coisa errada: “brecha na lei”, “tenho conhecidos no INSS”, enfim… claramente se está fazendo algo ilegal.
Isso me lembra algumas fraudes antigas, no tempo que os registros na Carteira de Trabalho eram praticamente suficientes. Do nada, uma agência do INSS de pequena cidade tinha um percentual muito maior de concessão de benefícios que as demais. Mais dia, menos dia, isso despertava a atenção da auditoria que começava a investigar e descobria que alguém inventava vínculos, registrava ou adulterava informações, muitas vezes com o conluio de alguém do próprio INSS. Quem fez a adulteração cometeu um crime, mas que deixou que se anotasse registros que sabia que não existiam, também.
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A dica é: não acredite em milagre! Se todos os processos estão demorando no INSS, pelos caminhos corretos não se consegue acelerar. Não confie em promessas estranhas e não acredite em atalhos.
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