Há poucas informações oficiais sobre a arrecadação das igrejas e dos centros de ênfase religiosa, a exemplo das mais conhecidas, católicas, evangélicas e pentecostais. Ainda que não verificados, dados recentes (2019) cogitam valores em torno de R$ 30 bilhões por ano. E não são apenas as doações, os dízimos dos fiéis e a venda de souvenires. As igrejas dominam grandes negócios e relações institucionais. Afinal, tem TVs, rádios, jornais, sites, templos, editoras e gravadoras de música.
Faz alguns anos, a revista de negócios norte-americana Forbes apresentou uma lista dos pastores pentecostais mais ricos do Brasil. Entre tais, Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus; Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus; Silas Malafaia, da Assembleia de Deus; Romildo Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus; e Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo.
Face ao vertiginoso crescimento dessas organizações, com várias bases físicas nos recantos mais humildes do Brasil, com enorme mobilização e trabalho social, e, sobretudo, pelo despertar de lideranças comunitárias (leia-se, os pastores), adveio o interesse dos partidos políticos e dos governos. Até mesmo daqueles com históricas restrições à prática religiosa e messiânica. Descontado o evidente direito de qualquer pessoa e agrupamento social de fazer opções ideológicas e exercitar preferências políticas, assim como pretender o exame e o acolhimento de teses, importa, entretanto, destacar prováveis e inconvenientes efeitos colaterais em se tratando de ordens religiosas.
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Entre tais, uma vez submetido a uma predominante influência de natureza e origem religiosa, todo e qualquer governo assume graves riscos de perturbação e confusão institucional. Afinal, nossa nação fez uma opção constitucional, ou seja, não tolera a interferência religiosa em assuntos estatais, e muito menos a prática de inerentes privilégios.
Desde o princípio da gestão, o atual governo patrocinou diariamente esse equívoco sob ou slogan, “Deus Acima de Todos”. Consequentemente, supervalorizando a tal “bancada evangélica” com verbas, secretarias e ministérios. Ironicamente, alguns esqueceram o próprio mandamento religioso: não usarás o nome de Deus em vão. O recente escândalo no Ministério da Educação é o fruto exposto e bichado do que foi semeado. A dúvida que permanece é se foi o caso de uma única fruta ou de uma safra inteira!
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