Eu não como figo! São raros os alimentos de que eu não gosto, mas entre eles está a dita fruta. Digo isso porque dia desses uma ouvinte, proprietária de uma fruteira, decidiu me presentear com um fruto exótico – o figo da Índia. Primeiro ela mandou fotos, e depois me contou o nome. Gelei. Só de ler a palavra, minha memória gustativa me fez retorcer em uma cara feia. Ainda bem que o rádio não estava em transmissão de vídeo naquele momento. Não comentei sobre, e aguardei pelo fruto. Ao primeiro olhar, me lembrava muito uma batata-inglesa; no entanto, só conseguia imaginar o sabor, se era o mesmo do figo que conhecia. Esperei a fruta amadurecer. Tinha prometido que falaria minhas impressões e registraria. Me coloquei em uma cilada (risos).
Com uma cor laranja avermelhada, suculenta, já à primeira vista não lembrava o parente de nome. Cortei um pequeno pedaço e experimentei, gravando tudo, como havia prometido. A consistência me lembrou uma goiaba; a fruta é doce e nada tem a ver com o figo da figueira. O figo da Índia, ou fruta de Tuna, é o fruto do cacto e cresce em toda a América. Por vez, por mim está aprovada. Mas a história em si, o medo de experimentar, me remeteu a um outro caso vivenciado nas andanças de repórter. Quando trabalhava na irmã Gazeta da Serra, em Sobradinho, fiz muitas matérias na rua e, entre elas, um caderno especial do Colono e do Motorista.
Entre os locais, fomos a uma propriedade; enquanto aguardávamos a fonte, fomos recebidos de maneira calorosa pela matriarca. Conversamos muito, rimos, quando, de repente, ela deixou eu e meu colega e foi até uma espécie de dispensa. Quando retornou, trazia nas mãos uma cumbuca de vidro com um doce de compota que eu não identifiquei. Já podem imaginar? Sim, meus caros, era um doce de figo. O pote servido dava tranquilo para duas pessoas, mas ele veio para mim. Não teve jeito, respirei fundo e, com todo o cuidado e delicadeza do mundo, agradeci e comentei que aquele era um dos poucos doces que não apreciava. Ela ficou um tanto sem jeito, pediu até desculpas, pois justo naquele dia não tinha outro tipo de compota para oferecer.
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Num piscar de olhos, mirou meu colega e deu a ele o doce. Ele comeu devagar, mastigava bem, mas não venceu comer tudo. Na hora, para a anfitriã, disse que tinha tomado um café reforçado em casa. Quando entramos no carro, em tom de brincadeira, falou que ia me matar. Ele também não gostava de figo, mas se sentiu pressionado diante minha negativa. Rimos muito, porque… pensem na cumbuca cheia! Aquele caderno rendeu boas histórias e muitos agrados. Cada uma valeria um Fora de Pauta. Porém, o figo negado é o que mais me marcou, e, com o presente do figo da Índia, a história foi revisitada.
Entre as frutas recebidas estão: uma cana (com mais de um metro, que atravessamos no carro para levar); uma penca de banana (isso mesmo, uma penca). Esta foi entregue em uma festa da Rádio, por um ouvinte querido, o seu Norberto, que já nos deixou. Veio festejar e, para agradar todos os locutores, trouxe as bananas. Registramos o momento. Ele estava incrédulo da minha questão em fazermos a foto, ali, no meio da festa. Demos boas risadas, lembramos que ele me acompanhava desde a outra emissora em que trabalhei e já éramos amigos. Seu Norberto partiu, mas ficaram as boas memórias e esta história para contar. Com exceção do figo, tudo foi apreciado com muito gosto! Caso interesse, eu também não gosto de melão…
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