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O estreante se deu mal

Esse episódio aconteceu em 22 de dezembro de 2014. Foi um dia histórico para mim: estreei como colunista da Gazeta. Minhas crônicas passaram a ser publicadas em duas segundas do mês. O nome da coluna ficou Happy Hour, também título do meu livro.

Acredito que as minhas crônicas são escritas com uma linguagem simples, facilmente compreensível. É um bate-papo gostoso com os leitores.  Em alguns textos uso o humor para tornar a leitura mais agradável e menos pesada. Para azedar a  vida é só acompanhar os noticiários políticos.
A primeira crônica teve o título “Estacionamento para idosos”, um assunto despretensioso e light. Tinha que estrear com o pé direito. Não poderia falhar no meu primeiro dia. Teria muitos outros textos polêmicos. Pensei em não assustar os leitores com a minha primeira crônica ou provocar alguns fanásticos com vara curta. Vocês sabem como agem os extremistas de uma ideia só: não se calam, vão para o revide. Tinha que evitar atritos.

No outro dia, caminhando pelo centro, encontrei muitos amigos. Ficaram felizes com minha estreia na Gazeta. Alguns até exageraram e disseram que seria um “alter ego” deles, pois escrevia aquilo que eles também gostariam de escrever, mas que por diversos motivos profissionais ou pessoais não poderiam expressar. Caminhava na Marechal Floriano com meu peito estufado de alegria! Até me sentia vaidoso!

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Logo adiante, conversava descontraído com alguns aposentados. A conversa girava em torno do assunto que levantara na coluna. Quando menos esperava, surgiu um cidadão com um dedo apontado para mim,  xingando-me aos gritos. Falava com ódio. Gritava que poderia me processar, cobrar danos morais. Estava possesso. Fiquei assustado. Estava surpreso com a reação do desconhecido. Por pouco não levei uma surra em pleno Centro da cidade.

Sabem o porquê da ira do homem? Acusei no meu texto na Gazeta  que todos os dias eu enxergava um carro azul, antigo, estacionado na vaga dos idosos o dia inteiro, nas imediações da Catedral. Não era proibido por lei municipal, mas  no mínimo, era uma atitude incoerente praticada diariamente pelo proprietário do veículo.

Mas vou contar com o que ele realmente ficou irado: foi porque achei o carro dele velho (no texto escrevi “antigo”). Vociferou diversas vezes com o dedo em riste, apontando para mim:

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– Esse carro é velho, mas é meu! Está pago com meu dinheiro! Ele é velho, mas está pago!

Não sabia quem era o dono do carro antigo a que me referi na crônica. Agora fiquei sabendo de forma quase trágica. Já pensaram a manchete estampada no Portal Gaz e na Gazeta do Sul?

“Clóvis, o neocolunista da Gazeta, leva uma surra em plena Rua Marechal Floriano!!!”
Que vergonha!

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