Em quase todos os municípios, o processo eleitoral, que foi presente no domingo, hoje já se transformou em passado. A dinâmica da vida ensina a olhar para a frente. Mas é preciso lembrar que as decisões tomadas no dia 6 de outubro terão impacto no futuro ao longo de pelo menos quatro anos em nosso cotidiano. Ao longo da campanha eleitoral, muito se disse e escreveu sobre as características peculiares desse pleito. Com destaque para a situação de pós-enchente, uma realidade vivida na maioria das comunidades gaúchas neste 2024 que terá destaque especial na história do Rio Grande do Sul.
Muita gente – contingente em que me incluo – defendeu que o ideal seria adiar a eleição em municípios mais duramente impactados pelas cheias, com ênfase para o Vale do Taquari. Naquela região, composta por 36 municípios, houve devastação quase total em consequência da catástrofe climática. Em algumas comunidades foram três ocorrências em apenas sete meses, espalhando desesperança, desânimo e até o esvaziamento de algumas cidades.
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Porém, como sempre digo aos filhos, vivemos no mundo real, bastante diferente daquele que gostaríamos – o chamado mundo ideal. A disputa rachou cidades, inclusive onde ainda há pessoas vivendo em ginásios, abrigos e casa de parentes e amigos. A energia – e os recursos – que deveria ser empregada para recomeçar foi gasta na peleia por votos.
Passada a disputa, o mundo ideal – olha ele aí outra vez! – determinaria a ocorrência de uma relação fraterna, deixando as mágoas eleitorais para trás a fim de olhar para frente e reconstruir o que foi destruído pelas águas.
Depois de inúmeras eleições, noto que algumas características se repetem. A grande abstenção chama a atenção, fenômeno talvez respaldado pela descrença na política tradicional. É difícil explicar ao eleitor que se abster pode ser um protesto, mas abre espaço para oportunistas. Eleição municipal é chance de ouro para eleger representantes que impactam decisivamente em nosso cotidiano.
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Outra característica é o tímido surgimento de novas lideranças. Velhos caciques, as “raposas felpudas” dominam o cenário estadual e nacional. Quando saem de cena, “fazem o sucessor” para manter o sistema de décadas que se perpetua em municípios e capitais.
Finda a eleição resta olhar para a frente, sem mágoas, vendetas ou boicotes àqueles que lograram êxito. Não é um comportamento fácil para aqueles que se acham injustiçados ou sofreram ataques de baixo nível ou baseados em fake news. Resta o tempo – o senhor da razão – que permite preparar novas candidaturas para, quem sabe, daqui a quatro anos. O bem-estar do município é mais importante que qualquer indivíduo.
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