Categories: Ruy Gessinger

O desrespeito voltou a crescer

Um empresário muito bem-sucedido, que começou bem simples, foi galgando as escadarias da riqueza, carro lindo, casa aprazível, achou que era hora de conhecer os Estados Unidos. Como não era versado em inglês, achou que uma boa seria Boca Raton, onde lhe haviam dito que com portunhol estava tudo nos trinques.

Alugou um flamante conversível e saiu pelas estradas sem dar bola para sinais de trânsito. Lá pelas tantas ouviu um som:

– Uóóóóóóó.

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Atrás dele um carro da polícia, de sirene em mil decibéis e o policial fazendo gestos para que encostasse no acostamento. Desceu um oficial (vocês já devem ter visto em filmes), de dois metros e pouco de altura, mais de um metro de largura e pesando uns 125 quilos.

“Djfjawyyfuc dk!” – disse o guarda.

Nosso amigo respondeu: “O que foi, amigão?”

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O “armário” de boné mandou o motorista sair e colocar as mãos sobre o capô.

Enfim, foi uma confusão, nosso patrício acabou no escritório do xerife e se resolveu o assunto com uma pesada multa.

Resumo da ópera: há lugares em que ou tu obedeces a lei ou a lei te pega.

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Não é o caso do Brasil.

Tenho notado que, quando tomaram várias providências, como acabar com os pardais, aumentar os pontos de ser penalizado na CNH, leniências e mais leniências, o trânsito piorou e muito.

Na free-way é um absurdo. Ultrapassam pela direita, fazem proezas, andam a 150 quilômetros por hora. Na Estrada do Mar é maior o perigo. Mesmo que andes bem à direita, muitos condutores te ultrapassam onde há faixa contínua.

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Nas rótulas impera a ignorância das regras. Tenho certeza que no Litoral há alto percentual de condutores sem habilitação.

Aonde quero chegar? Antes peço a compreensão dos poetas de Direito Penal, que ainda acreditam em quimeras. A idade e a vida me ensinaram que a pessoa tem que se convencer da certeza da punição. Seja qual for, inclusive mexendo no bolso. Com o afrouxamento da fiscalização nas rodovias, vê-se claramente o abuso.

Não se trata de multar para arrecadar. É punir para educar. Salvar vidas inocentes. Parece que os contraventores das normas de trânsito nunca ouviram falar em dolo eventual. Quase sempre, no seu delírio insano, levam junto famílias que vinham calmamente em sua mão de direção.

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Há muitos anos verifiquei na Europa que as leis são severas. Por exemplo, ser flagrado dirigindo alcoolizado dá margem a muitas consequências, afora a multa e a apreensão da licença. Para voltar a ter a carteira, terá que fazer uma série de cursos e exames.

Em todo mundo é assim: afrouxou, o pessoal abusa. Não somos piores nem melhores.

Nós, humanos, somos assim.

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