Agosto é apresentado como o mês do cachorro louco. É comum ouvir que é agosto do desgosto. No fim de semana, acabou o ciclo de um artista brasileiro: MC Marcinho. Não se trata da relação fã/ídolo, mas de uma aproximação devido ao nome. Marcinho tinha 45 anos; nós, os Marcios, certamente, temos mais de 35. Estamos em extinção. Caminhamos para o esquecimento, depois que o último cumprir sua meta aqui.
Sobre o cantor, não raras vezes, nas baladas da vida, abusei de sua frase: “se quiser falar de amor, fale com o Marcinho”, tentando demonstrar ser um expert no assunto. Quanta bobagem! Serviu para brincar na festa, para mostrar que, apesar de estar sumindo, o meu nome aparecia em uma música em melhores condições do que outros, como a Jéssica que, coitada, na versão do MC Jair da Rocha, estava louca. Até a Madalena caiu na desgraça, quando “o meu peito percebeu, que o mar é uma gota, comparado ao pranto meu”.
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A Madalena ficou conhecida na voz de Elis Regina. Aliás, a Pimentinha, como foi apelidada a gaúcha do IAPI, é um exemplo de que o agosto, por mais que tenha levado muita gente boa, é injustiçado. Janeiro, que é tão querido por trazer as boas novas, tem um triste histórico. A segunda quinzena, em especial, é cruel, sobretudo por emudecer vozes femininas.
Entre tantas outras que se calaram, Maysa morreu em acidente, dia 22, há 46 anos; Elis Regina, de forma prematura, deixou órfãos os fãs em 19 de janeiro, há 41 anos; e em 2022, no dia 20, foi a vez de Elza Soares entrar para a história.
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Maysa e sua voz aveludada calaram-se. Deprimida, é verdade, mas com histórico de coragem de abandonar a poderosa família Matarazzo, que a queria como bela, recatada e do lar. Seu lar era o palco, sua beleza nunca faltou e… sobre ser recatada, bom, isso não lhe pertencia. Com os mais extrovertidos vícios, ela estava mais para maluca-beleza.
Miúda, explosiva, imprevisível, sofrida. Assim era Elza Soares. Nascida na favela Moça Bonita, fez sua voz ser ouvida pelo mundo; foi considerada a cantora brasileira do milênio passado. Guerreira no palco, batalhadora na vida, corajosa em todos os sentidos. Teve oito filhos. Viu quatro morrerem. Com dificuldade de andar, fez de seu trabalho, a música, o motivo de viver, e foi até os 91 anos.
Assim, se agosto é do desgosto, a segunda quinzena de janeiro é cruel. E, antes que nós, Marcios, sejamos extintos, uma reflexão do xará Greyck, que, como o MC Marcinho, sabia falar de amor: “aparências, nada mais, sustentaram nossas vidas, que, apesar de mal vividas, têm, ainda, uma esperança de poder viver”.
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