O município de Santa Cruz do Sul, instalado como tal em 1878, começou a se constituir como comunidade de destaque a partir da imigração/colonização europeia, em especial alemã, concretizada de forma oficial no final da década de 1840 e que teve a agricultura como ponto forte. Nos primeiros relatórios da então Colônia de Santa Cruz, em 1854 e 1856, conforme Hardy Elmiro Martin, no seu livro “Santa Cruz do Sul – De Colônia à Freguesia (1849-1859)”, sobressaía claramente o número de lavradores, ao lado de proprietários de moinho, funilaria, ferraria, marcenaria, carpintaria e outros, assim como a produção agrícola exportada para fora da região (desde logo já o fumo, assim como o feijão, o milho, a batata, a erva-mate) e itens beneficiados desse meio (charutos, toucinho e banha de porco, manteiga).
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Amplo relatório de 1922, do então intendente Gaspar Bartholomay encaminhado ao Conselho Municipal, deixava claro: “A agricultura constitui a principal fonte de prosperidade de nosso município. Cultivado desde o tempo da Colônia, tornou-se o fumo o maior fator de progresso local”. Destacava que a produção e o comércio desse produto correspondiam naquele ano a cerca de 5 milhões de quilos, seguido da banha com 1,4 milhão de quilos, e que já se contava com “importantes estabelecimentos que se dedicam ao beneficiamento e fabrico de diversos produtos derivados da matéria-prima, o fumo em folha, com destaque para a Companhia de Fumo Santa Cruz e Companhia Brasileira de Fumo em Folha”.
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A primeira reunia empresas locais que se dedicavam ao ramo e a outra era de capital norte-americano, implantada poucos anos antes, ampliando a relevância do setor, que fazia despontar o município na arrecadação tributária da União no Estado, como realçava o intendente. Outro salto ocorreu na internacionalização das indústrias de tabaco a partir de 1965, com a crise na então Rodésia (atual Zimbábue) e abertura do mercado global. O Brasil viria a conquistar a liderança a partir de 1993. O produto rural de destaque, com sua industrialização e exportação, consolidava-se como principal suporte da economia do município, ao lado de outros empreendimentos, muitos também ligados a produtos agrícolas, com repercussão nos mais diversos setores da comunidade.
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Ainda no relatório/1922, registrava-se a presença de oito cooperativas agrícolas e duas caixas cooperativas, como “fator importantíssimo no progresso geral do município”. Dessas duas, a primeira, de 1904 e identificada como santa-cruzense, teve destaque por um bom período, sendo depois absorvida por bancos privados,. Já a segunda, criada em 1919 (União Popular de Santa Cruz), viria a se manter e, após obstáculos na segunda metade do século, firmar-se como a atual, forte e centenária Sicredi Vale do Rio Pardo. O espírito associativo manifestou-se desde o início da colonização, com relevância na organização social, educacional, cultural e religiosa, além da econômica.
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Inúmeras associações (vale lembrar a Associação dos Fumicultores do Brasil – Afubra, fundada em 1955 e sediada no município), sociedades e clubes respaldaram o desenvolvimento local. Em 1924, a publicação “Cem anos de germanidade no Rio Grande do Sul”, da Associação das Sociedades Alemãs, registrava a presença de 97 sociedades típicas em Santa Cruz, 13 na cidade e a ampla maioria nas localidades interioranas.
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Mesmo passando por dificuldades no período de guerras e na campanha de nacionalização, muitas subsistiram e continuam a marcar a história do município. Esta passou a se concentrar mais na área urbana, cuja população sobrepujou a rural em 1990, mas a cidade não afasta seus olhos do interior, ao reconhecer o tanto que ainda representa e lembrar que por ali tudo começou.
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