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O desafio de manter um patrimônio

“O carro-chefe.” É assim que Aureo Schuch, de 50 anos, define a produção do tabaco em relação ao orçamento de sua família. Há 29 anos, ao lado da esposa Sirlene,  planta fumo em uma propriedade de Pinheiral, no interior de Santa Cruz do Sul. Para a família Schuch, atualmente não há outro substituto no mesmo patamar de renda que a fumicultura.

Foi para ajudar os pais que Schuch começou a plantar tabaco e, ao casar com Sirlene, continuou a atividade. O futuro, porém, é incerto. Preocupado com as restrições que vêm sendo impostas à produção fumageira nos últimos anos, e com o risco de isso comprometer a subsistência da cadeia, aconselhou as filhas a construírem a vida longe do campo. “A mais velha já trabalha e está se formando em Ciências Contábeis. A mais nova ainda não escolheu o curso que quer fazer, mas não vai ficar na roça”, relata Schuch.

Além do tabaco, o casal complementa a renda com a produção de leite, soja e milho. Contudo, o fumo continua sendo a principal fonte de sustento da família. Além do retorno, a atividade se adapta melhor à realidade da propriedade. “A venda do fumo é mais garantida, ainda mais na quantidade de terra que temos. A soja também dá retorno, mas é necessário uma quantidade de terra maior”, ressalta Schuch.

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Segundo dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), apenas em Santa Cruz do Sul 3.611 famílias produzem tabaco. Na última safra, foram 10,8 mil toneladas e 5,6 mil hectares plantados. Em todo o Brasil, cerca de 168,5 mil famílias estão envolvidas na fumicultura e a produção chega a nada menos que 710,8 mil toneladas. (Colaborou Pedro Garcia)

“Prefeito terá que ser combativo”

Atualmente, das 11 principais empresas de Santa Cruz em arrecadação de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), seis são do setor fumageiro. No primeiro semestre deste ano, o tabaco foi o segundo item mais exportado pelo Rio Grande do Sul, segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS). As receitas atingiram nada menos que US$ 555,1 milhões no período.

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O fumo também é o principal motor da empregabilidade no Vale do Rio Pardo: puxados pelas contratações de safreiros, Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul foram os municípios que mais geraram postos de trabalho no Brasil nos primeiros seis meses deste ano, na contramão do resto do País, onde a criação de postos com carteira assinada despencou em razão da crise econômica.

Segundo o presidente da Afubra, Benício Werner, o contrabando é hoje o principal inimigo da cadeia do tabaco. E, embora esse seja um assunto de competência estadual e federal, o Executivo municipal também possui um papel importante. “O futuro prefeito terá que ser combativo. Ainda mais frente a essa agenda contra o setor do tabaco que é imposta ano após ano”, salienta Werner.

O IMPACTO

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 – 3,6 mil famílias plantam fumo em Santa Cruz 

 – 168,5 mil famílias plantam fumo no Brasil 

 – 6 entre as 11 principais empresas de Santa Cruz são do setor de tabaco 

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 – US$ 555,1 milhões foi a receita com exportações de tabaco pelo RS apenas no primeiro semestre
 

O QUE OS CANDIDATOS PROPÕEM 

AFONSO SCHWENGBER (PSTU)

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“Não tem como se falar em proteger o setor se antes não falarmos em proteger aqueles que produzem (os agricultores) e aqueles que beneficiam o produto nas fábricas. Para o nosso governo, a preocupação é com os trabalhadores. Se eles forem valorizados, a produção será mais bem distribuída, pois hoje quem realmente ganha são as indústrias e não aqueles que trabalham com o tabaco. As duas categorias, nos seus conselhos, irão definir como se dará essa valorização.” 

FABIANO DUPONT (PSB)

“Temos enorme respeito à produção do tabaco. Reconhecendo-a como alavanca-mestre no desenvolvimento do município e atual base econômica, nos preocupamos com o avanço e com a garantia da sucessão rural. Nosso planejamento inclui o acesso à capacitação do produtor, criação de incentivos para o jovem continuar no campo, valorização e espaço a entidades do setor, integrando o plano, o acesso a novas tecnologias e melhorias da porteira para dentro. Além disso, atuaremos na mobilização política para reconhecimento da importância produtiva do tabaco, na Assembleia e Câmara Federal, através de nossas bancadas e do nosso deputado federal, Heitor Schuch.” 

GERRI MACHADO (PT)

“A ação do nosso governo quanto à fumicultura será pautada por três pilares: 1) defesa da produção do tabaco. Sem desconsiderar a necessidade de medidas de saúde relacionadas ao cigarro; 2) defesa prioritária do trabalhador, de boa remuneração e condições de trabalho. Incluindo a luta pelo aumento da produção de fumo orgânico que já existe, mas é pequena. Agrotóxicos fazem mal à saúde dos agricultores, da população e contaminam o meio ambiente; 3) incentivo à diversificação econômica da região. A Prefeitura será um agente ativo na busca de recursos federais e no estabelecimento de parcerias com empresas e universidades na construção de alternativas.” 

SÉRGIO MORAES (PTB)

“Em Brasília, me conhecem como deputado do fumo. Farei o que sempre faço. Vou manter representação no Congresso através da relação com deputados e ministros que sabem da importância do tabaco para a economia. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, é um amigo próximo, está comprometido com a cadeia do fumo. Enquanto deputado, provei que a fumicultura gera renda para mais de 200 mil famílias só na Região Sul. Em torno de 800 mil pessoas. E tem as indústrias que, por baixo, empregam mais 30 mil trabalhadores. O setor foi o maior exportador do RS dos últimos anos. Em 2015, superou até a soja. O Estado e o Brasil não podem parar de produzir.” 

TELMO KIRST (PP)

“Criei a Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), que congrega 600 prefeitos de municípios produtores de tabaco nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Bahia. A entidade é um instrumento de diálogo e discussão junto às esferas estadual e federal, para defender os fumicultores e as empresas que geram emprego e renda no campo e na cidade. Estamos trabalhando para mostrar aos governos que é preciso combater o contrabando de maneira mais eficaz, cujo produto não é plantado pelos nossos produtores nem produzido pela nossa indústria. Vamos seguir trabalhando para defender nossos produtores e a cadeia produtiva do tabaco.”

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