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LUÍS FERNANDO FERREIRA

O curioso caso do nazista brasileiro

A exibição de suásticas e outros símbolos nazistas é cada vez mais corriqueira no Brasil. Nos últimos 30 dias, já tivemos bolo de aniversário com estampa de Hitler em Pelotas; manifestantes antivacina brandindo suásticas na Câmara de Porto Alegre; e a prisão de um suspeito de pedofilia que guardava na sua casa, em Vargem Grande (RJ), um enorme acervo dedicado ao Terceiro Reich, com fardas, medalhas, bandeiras, armas e imagens do Führer. Para a polícia, o sujeito – que inventou até uma carteirinha da SS com a foto dele – disse fazer parte de grupos neonazistas atuantes no País.

É curioso que a velha fantasia da “pureza racial”, típica dos nazifascistas, reapareça em um dos países mais miscigenados do mundo. E de forma bem à vontade, sem constrangimentos. O que estará acontecendo? Será alguma coisa no ar? Talvez na água? A Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos da ONG Safernet registrou uma explosão de casos de apologia ao nazismo nas redes. Em 2015, foram 1.282 denúncias; no ano passado, chegaram a 9.004. Os inquéritos na Polícia Federal se multiplicam.

O nazista brasileiro é um caso a ser estudado. Alguns, com base em traços fenotípicos, até conseguem se identificar com o mito do arianismo. Mas outros não têm nem isso. Alguns nazistas brasileiros não passariam pela triagem de um campo de concentração. Chega a ser ridículo. Aliás, nem na Europa dá para levar a sério. No livro Guerra civil, o escritor Hans Magnus Enzensberger lembra que a população alemã se formou, desde tempos remotos, a partir de grandes movimentos migratórios. “Os arianos nunca foram mais que uma fábula risível”, conclui. O problema das fábulas é que elas sempre conquistam público.

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No mês passado, a Polícia Civil fechou uma loja e fábrica de objetos nazistas no interior de Santa Catarina. A lei 7.716, de 1989, proíbe “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. A pena é de dois a cinco anos de reclusão e multa. Aí, alguém perguntará: mas e a liberdade de expressão?

Quando lembramos do caso dos três judeus esfaqueados em Porto Alegre, em 2005, sabemos muito bem o que significa “liberdade de expressão” para os neonazistas.

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