No momento em que escrevo este texto não sei se ainda temos um presidente, se o Congresso Nacional abrirá portas para sessões nesta semana (e nas próximas), ou se os senhores das togas do Supremo Tribunal Federal estão convencidos de que os espelhos do Palácio estão à altura para refletir seus egos. E esconder suas rugas, suas vergonhas, as máscaras que encobrem suas identidades e suas intenções.
Também não sei se um deputado que virou manchete nacional e que fomos conhecer há pouco ainda vai caber dentro do manequim EGG – físico, escultural, político e egocêntrico. E se um tal ministro (da Suprema Corte) vai ter lâminas afiadas todos os dias para raspar uma calota branca, oca de critérios e de convicções, mas recheada de ideologia. E de rancor.
Nos bastidores – porque o palco à frente da plateia pode ser assustador – reverbera uma voz rouca, negacionista da história e da verdade, indomável aos marqueteiros e aos correligionários. Mas juram, os consorciados em nome da verdade, das pesquisas e do monopólio da informação, que ele será eleito.
Publicidade
Do lado de fora, por vezes encurralado por uma plateia que o idolatra até nos seus arroubos, que é vigiado e linchado por qualquer opinião que expresse e que se expõe ao limite do desnecessário, corre por avenidas, tensões, enfrentamentos, um personagem atípico. Idolatrado por uns, esfaqueado por outros. Amado e odiado. Uns o chamam de genocida. Outros o aclamam como mito
Você já leu ou ouviu algo parecido, não é verdade?
Mas talvez não tenha ouvido o que tem a dizer seu Alaor. Um taxista que nos conduziu muito bem pelas avenidas de São Paulo dias atrás. Aliás, sempre tenho curiosidade em ouvir a opinião dos taxistas e, por extensão, dos motoristas de aplicativos. De alguma forma, eles refletem a opinião daquela comunidade.
Publicidade
Pois seu Alaor não estava otimista, nem esperançoso. “Aqui em São Paulo está muito dividido. Sabe? Tem esta gente que acredita que os milagreiros ‘vão colocar o pobre no céu’” – expressão dele. “Mas também há os que duvidam de milagres”, diz ele.
Sei que é improvável. Impossível, talvez. Mas gostaria que seu Alaor me conduzisse pelas ruas de Santa Cruz. Sobre o que falaríamos?
Sobre as tipuanas que oferecem sombra no verão à principal rua do centro, mas que no outono e no inverno despejam folhas sobre os telhados, as calhas e as calçadas? Sobre o Quiosque da praça que – o que houve – está fechado? Ou sobre o governador – agora ex-governador – que jurou que não se candidataria a uma reeleição mas agora já não tem tanta certeza?
Publicidade
Ou falaríamos sobre as ruas congestionadas no início do dia, ao meio-dia, no final da tarde? Ou sobre o GPS da Marechal Floriano que manda dar voltas porque há meses – muitos meses – esta rua no coração da cidade está obstruída? Sei lá.
Acho que seu Alaor prefere dirigir em São Paulo.
LEIA OUTRAS COLUNAS DE ROMEU NEUMANN
Publicidade
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
This website uses cookies.