Os eventos climáticos extremos que testemunhamos ao longo de 2024, tanto no Brasil quanto no mundo, são um aviso claro e doloroso de que as mudanças climáticas já estão acontecendo em um ritmo muito mais acelerado do que imaginávamos. No entanto, apesar de todos os sinais de alerta, as ações para mitigar os impactos do aquecimento global seguem tímidas e ineficazes.
No Brasil, exemplos recentes e devastadores aconteceram no Vale do Taquari, Região Metropolitana de Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e cidades vizinhas. Enchentes assolaram esses locais em maio deste ano, deixando um rastro de destruição. O Vale do Taquari, que já sofreu com inundações em anos anteriores, agora convive com eventos cada vez mais intensos e imprevisíveis. Não muito distante do Rio Grande do Sul, a Amazônia – uma das regiões mais ricas em recursos hídricos do mundo – enfrenta uma seca histórica.
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Enquanto isso, as queimadas seguem devastando grandes extensões de terra, em São Paulo, Mato Grosso e outras partes do país. Além dos danos irreparáveis à fauna e flora, a saúde humana também está sob ataque, com a qualidade do ar deteriorada e o aumento de doenças respiratórias. Reflexo disso se viu pelo céu de Santa Cruz, com a fumaça encobrindo o sol e deixando tudo acinzentado, com tons poluentes.
Esses eventos, por si só, já são um grito de socorro. Mas a crise climática não se limita às fronteiras brasileiras. Nesta semana, chuvas inesperadas no deserto do Saara, no norte da África, formaram lagos temporários – um fenômeno surreal para uma das regiões mais áridas do planeta. Nos Estados Unidos, o furacão Milton varreu uma região do estado da Flórida com uma força devastadora.
E o que tudo isso nos diz? Que a crise não está apenas chegando – ela já está aqui. Segundo um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a região semiárida do Brasil aumentou em 226 mil quilômetros quadrados entre 1960 e 2020. Mais assustador ainda, entre 1990 e 2020, surgiu uma área de 5,7 mil quilômetros quadrados que já pode ser considerada árida. Solos nas regiões Sul e Sudeste, que até recentemente sustentavam plantações e ecossistemas diversos, agora têm potencial para desertificação caso não haja uma recuperação no regime de chuvas.
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Isso nos leva a refletir sobre a “inversão dos climas”, uma teoria que sugere que regiões historicamente úmidas podem se tornar secas e vice-versa. Se isso for mesmo verdade, não estamos apenas diante de uma mudança climática – estamos presenciando uma reconfiguração completa dos padrões climáticos que moldam a vida na Terra.
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Diante de toda essa devastação, o que tem sido feito? As grandes empresas e autoridades continuam prometendo medidas de longo prazo, enquanto o curto e médio prazo clamam por ações urgentes. Embora algumas corporações estejam adotando práticas de energia limpa e metas de carbono zero, como a produção de carros elétricos, isso ainda é insuficiente. O derretimento acelerado das calotas polares e o aumento global das temperaturas exigem muito mais do que promessas e metas distantes. As soluções existem, mas o que falta é coragem política e compromisso real com o futuro.
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A verdade é que o tempo está se esgotando. A cada nova catástrofe, fica mais claro que planos de longo prazo não são mais suficientes. Precisamos de respostas imediatas e drásticas. A biodiversidade está colapsando. Os ecossistemas que sustentam a vida humana estão desaparecendo. Se não agirmos agora, corremos o risco de um futuro onde eventos climáticos extremos não sejam exceções, mas a norma.
Se o ser humano e a biodiversidade tiverem que esperar pelas promessas de longo prazo, a Terra que conhecemos hoje pode não existir mais quando essas ações finalmente forem colocadas em prática. Não podemos mais permitir que a inércia e os interesses de curto prazo determinem o destino do planeta. É hora de agir com a urgência que a crise climática exige.
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