Chevette foi um carro lançado pela General Motors em 1973. Originalmente era um sedan de duas portas, mas foi adaptado para quatro portas visando a exportação, no período entre 1978 e 1987. Foi um carro emblemático para minha geração, por isso, deixou saudades. No dia 12 de novembro de 1993, a fabricação foi suspensa para o lançamento de novos modelos.
Eu sempre fui um adolescente louco por automóveis. E esse modelo também protagonizou um episódio na trajetória jornalística. Em 1992, a montadora lançou o modelo denominado “Chevette Júnior”, com motor 1.0. À época, diversas montadoras lançaram veículos com essa cilindrada, surpreendendo a GM. Sem tempo e temendo perder mercado, a cúpula optou por uma adaptação do modelo já existente.
Trabalhava na Zero Hora como repórter da editoria de Geral, que, como diz a denominação, cobria todos os assuntos: polícia, política, esporte e até receitas de gastronomia. Meu xará, Gilberto Leal, foi o editor do caderno Carros & Motos por décadas. Vez por outra, ele abria mão dos inúmeros convites para participar de lançamentos mundo afora.
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A novidade protagonizada pelo Chevette Júnior foi uma dessas oportunidades. Fui convidado para cobrir o evento. E, é claro, “fominha” por carros, topei na hora. Viajei a São Paulo e fiquei hospedado durante quatro dias no luxuoso Hotel Transamérica, que abrigava pilotos, equipes, patrocinadores e jornalistas que cobriam o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 em Interlagos, São Paulo.
Fomos transportados de van até a pista de testes da GM, na região metropolitana. Divididos em duplas de jornalistas, fomos apresentados ao novo lançamento. Tive a “sorte” de dividir a pilotagem com um colega de Goiás, fanático por todo tipo de conteúdo sobre carros e modelos de corrida. Era um expert!
Tão logo fomos autorizados para a “largada”, o colega ficou possuído pelo espírito de Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna e Nelson Piquet somados! Disparou por uma reta de quase dois quilômetros e não aliviou o pé até chegar na curva em forma de cotovelo. O Chevette Júnior, com pneus estreitos, ergueu as rodas do lado direito. Por detalhe não capotamos. Fiquei ainda mais apavorado porque, um ano antes, um jornalista morrera num teste semelhante. Além da velocidade, o parceiro era “fominha” e relutou em largar o volante. Foram seis voltas de pavor. Quando chegou minha vez de pilotar, eu me senti como aqueles retardatários de corridas de Fórmula 1 que estão três ou quatro voltas atrás do líder da competição.
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Foi uma experiência inesquecível, graças a um veículo simples, de passeio. Mas foi o suficiente para comprovar que definitivamente a velocidade não está entre as minhas competências. Ao menos como jornalista!