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O céu não é o limite

O escritor Gean Paulo Naue está nas nuvens. E não é para menos. Na noite de 19 de março, foi anunciado como vencedor do Prêmio Mozart Pereira Soares 2024, de abrangência nacional, na categoria narrativa curta, com o livro Menores que o céu, lançado pela editora Urutau, de Cotia (SP), e disponível por R$ 45,00. O evento foi realizado pela Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, na sede da instituição. Naue foi o único gaúcho entre os agraciados, o que realça ainda mais sua conquista.

Na quarta-feira, Gean conversou com o Magazine, para refletir sobre o que essa premiação representa em sua carreira. Natural de Venâncio Aires, onde mora, no Bairro União, tem forte vínculo com Santa Cruz do Sul, onde trabalha em agência de publicidade. Diariamente faz o percurso entre as duas cidades. Filho de Acélia Stumm Naue e de Nércio Naue (o pai é natural de São Martinho, interior de Santa Cruz), tem ainda a irmã Mislene.

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Além da formação em Publicidade e Propaganda, aos 31 anos, Naue possui pós em Educação e Formação Pedagógica. No âmbito literário, sua determinação em ampliar conhecimentos e formação o levou a frequentar a Oficina de Criação Literária da PUCRS, em 2020. Antes disso, em 2019, lançara um volume de crônicas, Não tô preparado para viver, pela editora Metamorfose.

Em sua caminhada, aponta momentos-chave: as aulas com o professor Elenor Schneider, na Unisc, e a oficina de Criação Literária com o professor Luiz Antonio de Assis Brasil, onde refinou método e técnica para a escrita.

Na narrativa curta encontrou sua via de expressão. Alguns contos compartilhara em antologias, como E se?, da Metamorfose, e O resto é tempo, da Taverna. Então reuniu 11 textos em Menor que o céu, tratando de temáticas sensíveis, como bullying, racismo, assédio etc. A acolhida favorável foi ampla: foi finalista do Prêmio Ages de Livro do Ano e do Prêmio da Academia Rio-grandense de Letras, na categoria narrativa curta. Era o prenúncio para um destaque ainda maior: que veio com o Prêmio Mozart Pereira Soares 2024.

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Entrevista

O que o Prêmio da Biblioteca Pública do Estado, por “Menores que o céu”, representa em tua caminhada?

O prêmio é mais um passo dado na caminhada. Desde que comecei a escrever, já dei alguns passos, como: me profissionalizar na escrita, experimentar os diferentes gêneros literários, conhecer o meu estilo, ter coragem de falar para as pessoas que escrevo, publicar um livro, ser finalista em concursos literários etc. Tudo são passos. O prêmio é mais um deles, que me faz seguir.

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Publicaste contos e também crônicas. São as vias de expressão com as quais mais te identificas? Ou já olhas também para narrativa longa?

Comecei com a crônica porque, naquela época, me identificava muito com o gênero, e a criação desse tipo de texto era algo natural para mim. Porém, com a profissionalização da escrita, conheci, criei e treinei os outros gêneros. Foi quando me encontrei no conto. A narrativa longa é “a menina dos olhos” de muitas pessoas que escrevem, é como se esse gênero fosse superior. Atualmente, nada me completa tanto quanto o conto, mas nunca vou fechar as portas para nenhum gênero.

“Menores que o céu” lida com temas sensíveis, como bullying, racismo, pedofilia. Como entendes que a literatura pode contribuir para estabelecer o debate e a reflexão?

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Na minha visão, a ficção é um excelente lugar para desacomodar, incomodar, formular, reformular e, tratando-se do conto, nocautear. A ficção une algo que o ser humano ama: narrativas, com uma habilidade emocional potente; empatia, e isso abre portas para o debate e a reflexão, criando um ambiente propício para uma transformação genuína. 

A partir de que momento ou situação te deste conta de que a literatura seria uma via de expressão para ti? O que te fez investir nessa área?

O ano de 2018 foi o meu: “ou vai ou racha”. Antes disso, desde a adolescência, eu escrevia de forma amadora. Então, em 2018, fui atrás de profissionalização, para entender as ferramentas da criação literária. Dizer “sim” para esse caminho foi dizer “sim” para mim mesmo. Hoje, eu entendo que não sou mais um escritor amador, mas ainda me considero um iniciante.

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Para crianças e jovens, em idade escolar, que sugestão ou que orientação deixarias, caso também alimentem o plano de escrever?

Nos meus passos de escritor, eu tenho tido a oportunidade de entrar nas salas de aula para falar sobre a criação literária. Minha primeira dica para quem quer escrever é: leia. Não há outro caminho. Para iniciantes ou veteranos na escrita, ler é mais importante que escrever.

Depois, recomendo escrever sobre o que gosta, sem provar nada a ninguém. E, em seguida, é se profissionalizar, para conhecer as ferramentas da escrita. E isso não quer dizer ser bom em gramática, quer dizer saber tirar a história da cabeça e colocá-la no papel sem sofrer, com responsabilidade, e sendo gentil com quem for ler.

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E, como leitor, quais são tuas preferências e teus mestres? Quem estás lendo nesse momento?

Eu gosto de ler o que me indicam, o que está bombando no momento, o que causou polêmica, os grandes autores e as grandes autoras do país e do mundo, os vencedores do prêmio Nobel de literatura etc. Foco em obras mais contemporâneas, o que contribui na minha formação social e artística.

Neste momento, abril de 2025, minha leitura está indo do 0 ao 100. De um lado, estou lendo Amanhecer na colheita, um livro voltado ao público juvenil, um best-seller norte-americano que pertence à saga de livros Jogos vorazes (que virou filme de Hollywood). Eu li os três primeiros volumes dessa saga há dez anos. Hoje, com 31 anos, voltei para conferir o novo volume e está sendo divertido.

Ao mesmo tempo, com a aproximação da Semana Santa, sinto-me chamado pelas leituras bíblicas. Então, também estou lendo o Evangelho Segundo Lucas, traduzido para o português direto do grego que traz várias curiosidades da própria tradução. É uma das coisas mais incríveis e bem escritas que eu já li na vida. Nesse sentido, posso me considerar um leitor eclético.

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