Em tempos de epidemia/pandemia, os questionamentos sobre o que se pode ou não fazer tomam conta dos pensamentos. A questão, que está presente na vida das pessoas desde a sua existência e tem sido a base do mundo das filosofias, religiões, ciências jurídicas e sociais, fica ainda mais em evidência nestas horas difíceis e nas decisões exigidas. Em particular, na situação de quem, mesmo estando ainda na faixa inicial da idade prevista e sem problemas de saúde, já integra o grupo considerado de risco, dúvidas surgem diante do apelo genérico “fique em casa”.
O debate interno cresce levando em conta ainda que uma das atitudes pessoais adotadas, justamente para a prevenção da saúde, e que mostra resultados, é a caminhada diária para o trabalho, onde, por sua vez, também não se recomenda chegar em momentos de maior concentração de pessoas. Busca-se mais informações e, no embate dos dados, análises, opiniões, recomendações, surgem algumas luzes e caminhos, que, mesmo não sendo definitivos e conclusivos, com aspectos a favor e contra, oferecem algum norte próprio a seguir.
Sempre sujeito a contestações, há os pontos favoráveis do exercício que, de uma forma ou de outra, precisa ser mantido, o da saúde em boas condições, e de que alguma exposição inclusive pode auxiliar na imunidade. De outro lado, não fogem à consideração os acautelamentos indicados, de manter um mínimo de distância em relação às outras pessoas, de evitar as aglomerações e tantos outros cuidados tão zelosamente reiterados a cada dia e a que se deve prestar atenção.
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Com tais precauções, não deixo de realizar pelo menos um passeio diário, e até na Sexta-feira Santa fiquei estimulado a fazer a “procissão de um só” ao Morro da Cruz, já que a tradicional em grupo não se tornou possível neste ano. Com o bom preparo físico das caminhadas do dia a dia, não foi difícil vencer a “via crucis” desde o Santo Inácio até os altos do Monte Verde, em meio a alguns cumprimentos de longe para as pessoas em suas casas, até chegar ao parque, que, no entanto, não podia ser acessado, pois fora fechado para evitar concentrações, as quais, de fato, segundo vizinhos, não ocorrem, exceto nessa procissão.
De todo modo, havia achado mais um meio de manter a determinação própria e, nesse caso, até estava encontrando mais isolamento na rua do que na casa, onde a acorrência dos familiares foi grande, todos confiantes na boa saúde dos residentes de mais idade e no amplo espaço do local. A realidade atual nos testa todo dia e, como lembrou filósofa alemã ouvida no final de semana, precisamos saber conciliar a necessária disciplina e a sagrada liberdade de pensar e agir, cientes de que algum risco sempre existe, mas que não deve tirar o prazer de viver e conviver com a devida responsabilidade consigo e com os outros.
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