Ainda que a declaração pública do governador Leite tenha uma extraordinária e legítima significação pessoal e humanitária, não é possível ignorar que tem um evidente objetivo político, haja vista sua pretensão em disputar o cargo presidencial nas eleições vindouras. Logo, pode-se deduzir algumas interpretações. Primeiro, em antecipando a declaração acerca de sua opção afetivossexual, diminui e/ou elimina prováveis provocações dos futuros adversários durante o processo eleitoral. A vocação eleitoral da declaração ensejou muitas e duras críticas, principalmente de parte dos “donos do pedaço”. Afinal, o ambiente e território político-eleitoral dos movimentos LGBTQIA+ é tutelado pelos membros e simpatizantes da esquerda.
Um rápido passeio pelas redes sociais ratifica tal afirmativa. São centenas de comentários hostis e deselegantes acerca da declaração do governador. A crítica sobre o provável oportunismo é compreensível, mas incoerente, haja vista a histórica e comprometida tutela, igualmente político-partidária. Ironicamente, foram atos de incompreensão justo de quem mais se esperava um voto de solidariedade humana.
Porém, admitindo-se que haja uma “reserva de mercado político-eleitoral”, é possível verificar sua abrangência e tamanho? Creio que não. Esse universo humano ainda é básica e comportalmente resguardado, sem exposição e comprometimento público. Afinal, o “barulho” das ruas é de minorias ativas partidária e ideologicamente. Logo, acredito que a atitude do governador Leite possa sim obter (além de apoio e simpatia) algum ganho político entre os demais indivíduos que se identificam com a causa. Conservadores ou não (no sentido de resguardo pessoal), não se expõem por conveniências e razões íntimas, e muitas vezes por divergência político-ideológica com determinadas práticas de “propaganda” dos mais ousados.
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De qualquer modo, se o objetivo é político-eleitoral, não há como avaliar e medir possíveis ganhos. Ou perdas. Afinal, não podemos esquecer que ainda predomina o preconceito, notadamente fora dos grandes centros urbanos. Mas uma coisa é certa. Sejam os movimentos indígenas, os afrodescendentes, entre outros, ou, no caso, o movimento LGBTQIA+, as causas das minorias merecem e exigem engajamento e apoio político, respeito e solidariedade, mas sem que haja apropriação partidária.
Afinal, são questões e demandas humanitárias!
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